Título: PFL e PMDB tentam acordo na Câmara
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 04/02/2005, Brasília, p. D3

O objetivo é evitar que o partido do governador Joaquim Roriz seja alijado das principais comissões temáticas

As negociações para composição das nove comissões permanentes da Câmara Legislativa colocaram em cena dois jogadores que estão ensaiando a entrada em campo para 2006. O senador Paulo Octávio (PFL) e o deputado federal Tadeu Filippelli (PMDB), pré-candidatos à sucessão ao Palácio do Buriti, começaram a participar ativamente da costura de acordos. Ontem, os presidentes regionais das respectivas legendas estiveram na Casa pela manhã e no final da tarde. Discutiram com seus distritais a distribuição de cargos dentro das comissões e tentaram chegar a um acordo que satisfaça tanto a Frente Democrática, da qual o PFL faz parte, quanto o partido do governador Joaquim Roriz. Paulo Octávio defende que não haja ''rolo compressor'' sobre o PMDB, que poderia ficar encurralado em uma única presidência, já que na briga de forças a bancada peemedebista soma apenas 10 cadeiras contra 14 da Frente. O senador e o presidente da Câmara, Fábio Barcellos (PFL), conversaram com Roriz na noite de quarta-feira e prometeram fidelidade à bancada governista, mesmo fazendo parte de um bloco com o PT, grande opositor do governo.

- Compusemos com o PT na formação da Frente, mas o PMDB também havia sido procurado. O compromisso ainda existe, mas o bloco não fará mais sentido após a eleição das comissões - disse o senador.

O encontro pela manhã na presidência da Câmara contou com as presenças dos líderes do PMDB, Pedro Passos, do PFL, Eliana Pedrosa, e do governo, Anilcéia Machado. A falta de concordância, porém, ficou evidente nos discursos. Paulo Octávio ressaltou que as comissões de Constituição e Justiça (CCJ), cotada para Brunelli (PP), e a de Economia, Orçamento e Finanças (Ceof), com indicação para Leonardo Prudente (sem partido), são acordos na Frente Democrática. Eliana Pedrosa, garantiu que houve avanços nas conversas.

- Ainda que nem todos os partidos se dêem por satisfeitos - ressalvou.

Passos, por sua vez, disse que os pefelistas concordaram em defender ''um grande bloco de 24 deputados''.

- Não interessa a cisão entre os dois partidos. É burrice nos degladiarmos agora - avalia Passos, acreditando ser difícil que o PMDB aceite o nome de Prudente. Já Brunelli é consenso também entre os peemedebistas.

Filippelli considerou o encontro entre os partidos ontem um ''excelente começo'' para os entendimentos. Apesar de não confirmar um pedido do governador para intervenção dos dois presidentes dos partidos da base de governo no impasse, ele afirma que a participação pode ajudar os distritais a chegar a um acordo.

Enquanto prossegue a discussão sobre as comissões, cujas composições serão publicadas no dia 15, não há sessões na Casa. Pelo menos quatro de sete projetos de urgência trancam a pauta.