Correio Braziliense, n.20562, 09/09/2019. Brasil. p.6

Brasil ainda pode ser líder ambiental


Fundador da premiada empresa de reciclagem TriCiclos e nomeado “champion”, uma espécie de embaixador, da Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP25), que vai acontecer em novembro, no Chile, o especialista em gestão ambiental chileno Gonzalo Muñoz acredita que o Brasil ainda pode se destacar mundialmente como provedor de serviços ambientais. “Não tenho nenhuma dúvida de que a riqueza natural, industrial e cultural do Brasil representa uma oportunidade fabulosa para que o país se posicione como um grande provedor de serviços, que ajudem o desenvolvimento do planeta, incluindo, por exemplo, serviços ecossistêmicos e energias limpas”, disse ao Correio.

A figura de “champion” foi criada durante a definição do Acordo de Paris. O papel do escolhido é aconselhar a presidência da COP e participar de compromissos internacionais, envolvendo o tema. Por isso, Muñoz veio a Salvador, em agosto, para participar da Semana do Clima da América Latina e Caribe, realizada pelas Nações Unidas, como evento preparatório para a COP25.

Ele foi escolhido “champion” da COP por liderar a TriCiclos, que venceu o prêmio internacional Circulars 2019, conhecido como o “Oscar da Economia Circular Mundial”, oferecido anualmente no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Para Muñoz, o melhor resultado que a COP25 a ser realizada no Chile poderá oferecer será garantir mais respeito às  riquezas naturais da região. Ele acredita que será uma oportunidade de prestar mais atenção a  inovações sustentáveis. “A indústria de energia limpa, a indústria agroalimentar de baixo carbono e a indústria do turismo são exemplos. Tenho certeza de que teremos desafios de adaptação e obstáculos relacionados, que temos que resolver de maneira conjunta, não somente na América Latina, mas também no Caribe”, disse.

Perguntado sobre os impactos dos incêndios na Amazônia, Muñoz disse que a sociedade civil, em todo o mundo, está cada vez mais sensível ao tema climático, porque sente que o assunto começa a afetar cada vez mais o cotidiano”. Segundo ele, seu papel é impulsionar a ação de governos locais, empresas e sociedade civil, para que todos contribuam para aumentar o compromisso com as ações para combater as mudanças climáticas. (MEC)