Título: DF participa de pesquisa com células-tronco
Autor: Rafael Baldo
Fonte: Jornal do Brasil, 04/02/2005, Brasília, p. D5

O Incor-DF estará ao lado de cinco outros centros de alta complexidade

Uma pesquisa inédita no Brasil com 40 instituições de saúde vai estudar a ação de células-tronco no tratamento de doenças do coração. O representante do DF é o Instituto do Coração (Incor/DF), escolhido junto a outros cinco centros de alta complexidade para analisar o efeito da terapia em pacientes com infarto do miocárdio. Mais três enfermidades serão analisadas pelos médicos participantes no País: doença isquêmica crônica, cardiomiopatia dilatada e chagásica. Serão estudados em todos os centros participantes 1.200 pacientes, a partir do segundo semestre de 2005, com previsão de dois a quatro anos de testes. Até julho, os hospitais participantes devem se adequar às exigências da pesquisa. - A data nos pegou de surpresa. Apesar do projeto estar em andamento desde o ano passado, o anúncio do Ministério da Saúde nesta semana não era esperado - revela Andrei Sposito, diretor clínico do Incor/DF. A pesquisa é de grande mérito para o País, pois reúne os quarenta melhores centros de excelência da nação, completa.

Com o grande número de instituições envolvidas, o Ministério espera uma velocidade maior na pesquisa e uma troca de informações frequente entre os envolvidos. A potencialidade da tecnologia esbarrava na ética do uso de células-tronco de embriões ou do cordão umbilical. Porém, para esta pesquisa o material será coletado da medula óssea do próprio paciente.

Pelas contas de Sposito, cada centro deve atender de 50 a 60 pacientes. Desde que abriu as portas parcialmente no dia 7 de novembro, o Incor/DF atendeu 1.500 pessoas. Para o perfil da pesquisa apenas dez pacientes seriam elegíveis para testes. Porém, a situação não preocupa a direção do hospital.

- As negociações para o credenciamento do Instituto no Sistema Único de Saúde estão avançadas e aguardam apenas a aprovação da Secretária de Saúde - informa Andrei. Até o segundo semestre, o hospital terá um grupo de testes suficiente para começar a pesquisa, completa.

A terapia com células-tronco é uma das grandes promessas da medicina moderna. Por não serem específicas, tem a capacidade de se transformarem em qualquer espécie de célula, facilitando a cura e recuperação de pacientes, até mesmo nos casos mais graves, com necessidade de transplante.

- Existem resultados muito promissores na área, mas não há garantia que funcionem com todas as pessoas. Com essa pesquisa, investigaremos a extensão do benefício e tentaremos controlar o aproveitamento e o mecanismo de modificação destas células - resume Sposito.