Título: Fiscais apreendem 2,4 t de carne clandestina
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 04/02/2005, Brasília, p. D5

Produto era vendido na rede de açougues Diocarnes em três cidades do DF

Mais de 2,4 toneladas de carne e lingüiça clandestinas foram apreendidas, ontem de manhã, por fiscais do Ministério da Agricultura. A mercadoria, que não possuía nenhuma garantia de procedência, era vendida em três açougues da rede Diocarnes, empresa que já havia sido notificada pela mesma irregularidade duas vezes no ano passado. O proprietário das casas de carne - cujo nome não foi divulgado - foi preso e responderá por crime contra o consumidor. A carne foi doada ao Zoológico. A mercadoria foi encontrada em três dos quatro açougues da Diocarnes, em Brazlândia, Planaltina e Paranoá. A carne apreendida não tinha o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), fixado durante a vistoria feita em frigoríficos autorizados pelo Ministério da Agricultura, e que garante a procedência e a qualidade da mercadoria. Tampouco havia nota fiscal ou alguma documento mostrando a origem a carne.

- É um produto 100% clandestino, sem nota fiscal e sem nenhuma garantia de procedência ou de qualidade - afirma o titular da Delegacia Federal de Agricultura, Gilvando Galdino.

No ano passado, a Delegacia Federal de Agricultura já havia apreendido cerca de oito toneladas de carne clandestina nos açougues da empresa. Há dois meses, agentes e fiscais vinham investigando os estabelecimentos. Nesta operação, foi pedida participação da Delegacia do Consumidor da Polícia Civil como primeira iniciativa para coibir o comércio clandestino de carnes. O dono das casas de carne responderá a inquérito criminal e poderá pegar de dois a três anos de cadeia.

- Como ele é reincidente, terá de responder à Justiça por que continuou colocando em risco a saúde pública. Nese ano, todos que forem notificados responderão pelo crime - explica Galdino.

Segundo o chefe da Seção de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Fernando Fernandes, o consumo de carnes sem certificação de procedência pode acarretar em sérios problemas à saúde. Como não há inspeção de patógenos, explica, quem ingerir a carne pode desenvolver infecções gastro-intestinais e contrair doenças pela proliferação de vermes no organismo.

- A pessoa não sabe nem de onde vem a carne nem que tipo de doenças o gado podia ter antes do abate. O consumidor deve sempre pedir para ver o SIF - afirma Fernandes.

Apesar da apreensão, as casas de carne da Diocarnes continuarão funcionando. Apenas a Vigilância Sanitária - que não esteve na operação - tem poder de interditar os estabelecimentos. Isso, também, só se forem constatadas irregularidades nas condições sanitárias de funcionamento dos açougues.