Correio Braziliense, n. 20716, 10/02/2020. Mundo, p. 11

Voto pela abertura do país

José Romildo de Oliveira Lima


 

Baku — Apesar da temperatura de 1 grau abaixo de zero em Baku, capital do Azerbaijão, a população compareceu ontem às urnas para eleger o novo Parlamento da nação. A eleição era considerada crucial para o governo do presidente Ilham Aliyev avançar nas reformas econômicas que permitam ao país atrair investimentos estrangeiros. O Partido Novo Azerbaijão, que apoia Aliyev, pretende aumentar o número de parlamentares para dar aval às transformações. Hoje, apenas 65 dos 125 assentos do Parlamento pertencem à aliança pró-governo. O número representa menos que a maioria de dois terços necessária para mudar a Constituição nacional. As pesquisas de boca-de-urna indicam que o Partido Novo Azerbaijão ganhou a maioria das cadeiras (69); a oposição alega fraude e aguarda o fim da apuração, prevista para hoje, para se pronunciar oficialmente.

Grande produtor de petróleo, o Azerbaijão crescia a uma taxa de 7% ao ano no início da década passada. Nos últimos anos, no entanto, o crescimento caiu para o patamar de 4%, o que obrigou o governo a dissolver o Parlamento e a convocar novas eleições. O objetivo de Aliyev era aprovar medidas de saneamento econômico e captar investimentos.

Preocupado com a desconfiança de organizações internacionais em relação ao processo eleitoral, a qual pode minar a destinação de novos recursos externos, Aliyev — que está no poder desde 2003 — também quis aproveitar o pleito para demonstrar ao mundo que o Azerbaijão obedece às regras democráticas e para provar a transparência do processo eleitoral.

Para isso, ele convocou mais de 883 observadores de todos os continentes para acompanharem de perto as eleições. Desses, 358 são representantes da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), entidade que vigia de perto eleições em todo o mundo. Constituída por 57 países da América do Norte, Europa e Ásia, a OSCE enviou 41 integrantes para observarem o processo eleitoral no Azerbaijão.

 “Continuamos nosso monitoramento”, afirmou Arthur Gerasimov, parlamentar ucraniano, que integra a OSCE. “Chegamos a convite do Azerbaijão, e isso mais uma vez confirma seu compromisso com os princípios democráticos da OSCE. Anteriormente, conduzíamos o monitoramento nos países ocidentais e orientais, em particular, na Bielorrússia e no Usbequistão.”

Brasil

O Brasil enviou dois observadores para acompanharem as eleições do Azerbaijão: o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) e o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), respectivamente os presidentes do Grupo Parlamentar da Amizade Brasil-Azerbaijão no Senado e na Câmara dos Deputados.

Ambos visitaram duas zonas eleitorais nas imediações de Baku. Os dois parlamentares percorreram os locais de votação, fizeram indagações aos mesários e se reuniram com os coordenadores de juntas eleitorais.

Nas eleições de ontem, o Azerbaijão registrou 246 candidaturas indicadas por 19 partidos políticos; outros 1.057 se apresentaram por iniciativa própria e 11, por iniciativa de grupos da sociedade. Vinte e um por cento de todos os candidatos eram mulheres. Ao todo, 5.329.460 eleitores estavam registrados para votar — mais da metade da população de 10 milhões de habitantes.

Cerca de 883 observadores internacionais de 58 países e 58 organizações monitoraram o processo de votação. Entre os observadores locais, 35.152 eram representantes de partidos políticos. As pesquisas de saída são conduzidas pela AJF & Associates Inc. (EUA) em conjunto com a Liga dos Cidadãos de Proteção aos Direitos do Trabalho, o Rey Monitoring Center e o French OpinionWay Research Institute, juntamente com a Fundação Direitos Humanos no Século XXI — Azerbaijão.