Título: Tratamento diferenciado perdura
Autor: Olivia Hirsch
Fonte: Jornal do Brasil, 06/02/2005, Internacional, p. A8

Mesmo entre as muitas mães indianas que optam por dar continuidade à gestação quando sabem que terão bebês do sexo feminino, a diferença de tratamento e de oportunidades dadas a meninos e meninas, no próprio seio familiar, é evidente.

No estado de Punjab, no Norte do país e onde o problema é mais grave, os casos de desnutrição severa foram registrados em 18,35% das recém-nascidas, contra 2,35% dos bebês varões, segundo dados do governo. Entre as crianças consideradas normais, mais de 55% são meninos, enquanto cerca de 20% são meninas.

Especialistas apontam que a preferência pelos meninos faz com que eles tenham uma condição diferenciada dentro de casa não só na questão nutricional, mas também no que diz respeito ao tratamento de doenças: pesquisas apontam que os meninos são levados com muito mais frequência a postos de saúde e hospitais.

Como era de se esperar, todos estes fatores contribuem para que as crianças do sexo feminino registrem maiores taxas de mortalidade, principalmente logo após o parto. Segundo previsões da década de 90, de cada 12 milhões de meninas nascidas naquele período, apenas 9 milhões sobreviveriam até chegar aos 15 anos. O acesso à educação também é comprometido por questões de gênero. Índices revelam que o número de meninos alfabetizados é o dobro do de meninas.