Título: Empresas vão atrás dos blocos
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 06/02/2005, Economia & Negócios, p. A19

O carnaval não vive apenas de trios elétricos, confetes e serpentinas. Grandes empresas, dos mais variados setores da economia, já se consagraram como destaques da festa popular mais importante do país. Entre tamborins e cuícas, os patrocínios chegam aos mais variados eventos. Vão desde a participação na publicidade dos sambódromos até feijoadas e blocos populares de rua.

Empresas como TIM, Oi, Siemens, Nova Schin, Companhia Vale do Rio Doce e Skol decidiram apostar nos principais blocos populares de rua do Rio de Janeiro este ano. O motivo da estratégia é simples. Em alguns desfiles, o público chega a ser superior a 100 mil pessoas. E o assédio foi tão grande que empresas como a Vivo não conseguiram bancar o bloco em que tinha interesse.

No Sebastiana de Blocos de Rua, que congrega 12 dos mais badalados blocos do Rio, TIM e Siemens aumentaram o patrocínio no evento este ano. A Oi firmou parceria com o pré-carnavalesco Spanta Neném, no Parque dos Patins, na Lagoa Rodrigo de Freitas. E a Companhia Vale do Rio Doce ainda apóia o Imprensa que eu Gamo. Já a Nova Schin ampara os tradicionais Escravos da Mauá, Carmelitas e Suvaco de Cristo. Do lado oposto, a Skol patrocina o Monobloco, que conta ainda com TIM e Siemens.

- Os patrocínios são essenciais, já que o evento cresce a cada ano. Com uma logística desenvolvida, os gastos aumentam - explica Nei Barbosa, vice-presidente do grupo Sebastiana, que reúne os blocos Suvaco do Cristo, Simpatia é Quase Amor, Carmelitas, Escravos da Mauá, Bloco de Segunda, Que Merda é Essa, Barbas, Meu Bem Volto Já, Virtual, Imprensa que eu Gamo, Ansiedade e Gigantes da Lira.

Só a TIM aumentou em 40% seus investimentos no carnaval este ano em relação ao ano passado. De acordo com James Rubio, diretor de publicidade e imagem da TIM, o carnaval de rua do Rio é resgatado ano a ano.

- Em 2004, o retorno foi bom. Queremos estar presentes em eventos importantes do Rio - diz Rubio.

Se o assédio por blocos é grande, outro evento que tem chamado cada vez mais a atenção das empresas são as feijoadas. No Rio, a Nova Schin banca o evento no Rio Othon Palace. A do Gattopardo (a antiga Feijoada do Amaral, que comemora sua 28ª edição este ano) é patrocinada pela concorrente Bavária, Siemens e TIM.

- Como as feijoadas crescem ano a ano, muitas empresas viram no evento uma boa estratégia de marketing. Hoje, quase todos os hotéis têm sua feijoada. Um evento como este, que recebe cerca de 500 pessoas, chega a custar até R$ 60 mil - explica Letícia Bezerra de Mello, diretora de marketing da rede Othon.

A Siemens, por exemplo, vem colhendo os frutos da aposta nas festas cariocas. Com o ganho de visibilidade, o faturamento da empresa dobrou no ano passado, chegando a R$ 3,3 bilhões.

- Além de fidelizar consumidores, os patrocínios contribuem para a conquista de novos clientes - ressalta Regina Macedo, diretora de marketing da Siemens.