Título: Palocci pede mudanças no FMI
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/02/2005, Economia & Negócios, p. A20

Ministro defende criação de mecanismos para reduzir fragilidade de países emergentes

LONDRES - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, defendeu ontem, diante de representantes das sete nações mais ricas o mundo (G7), em Londres, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) criasse mecanismos para reduzir a vulnerabilidade das economias emergentes. Segundo ele, o organismo precisa oferecer formas de enfrentar, além das crises na balança de conta corrente, as verificadas nas contas de capital. - As contas de capital são as que apresentam mais problemas nos países emergentes. Deveria ser criado um crédito para ser usado por países vulneráveis.

Assumindo que o Brasil ''ainda apresenta vulnerabilidades herdadas de governos anteriores'', Palocci contrastou com o tom do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial, há duas semanas. Na ocasião, falando para uma platéia com investidores, Lula exibiu números que demonstravam o vigor da economia.

Palocci comentou que, por conta dessa vulnerabilidade, o governo brasileiro tem se preocupado com os desequilíbrios apresentados pelas economias desenvolvidas e seus possíveis efeitos no país. Citou o caso dos EUA e pediu uma solução para conter o déficit das contas americanas.

O ministro ressaltou também aos representantes do G7 e dos outros quatro países emergentes a necessidade de que se consolidem as negociações comerciais da Rodada Doha antes do fim do ano.

Esta é a primeira vez em que Brasil, China, Índia e África do Sul participam de uma reunião do G7, composto por Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá e Itália, e que representa mais de 40% da riqueza da economia mundial.

Palocci aproveitou para se encontrar com o diretor do FMI, Rodrigo Rato, com quem conversou sobre as condições de renovação do acordo que vence em março.

- O Fundo tem se mostrado com grande disposição de fazer o que o Brasil achar necessário.

Palocci frisou que o governo ainda analisa a renovação. O acordo, fechado no início de 2003, previa US$ 42 bilhões em recursos. Mas as últimas parcelas à disposição não foram sacadas. Durante o Fórum Econômico Mundial, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o país não precisava mais do acordo.

Os representantes dos países mais desenvolvidos do mundo demonstraram ser favoráveis ao perdão da dívida dos países pobres. O benefício poderia ser estendido a 37 países, segundo reportagem publicada no site da ''BBC'', caso a proposta siga adiante.