Correio Braziliense, n. 20628, 14/11/2019. Política, p. 2

Incentivo a negócios dá o tom da cúpula

Rodolfo Costa 
Renato Souza


Governos assinam nove atos de cooperação e defendem aproximação na área de tecnologia, durante encontro de cúpula do Brics, bloco que inclui, ainda, Rússia, Índia e África do Sul. Com discordâncias na política, economia dá o tom das discussões

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo brasileiro “tem feito o dever de casa para tornar o Brasil mais atraente para negócios e investimentos”, ao referir-se à reforma da Previdência e à intenção de promover uma ampla reforma tributária para reduzir o custo das empresas. “O Brasil abriu o mercado para o mundo com medidas concretas” e, cada vez mais, “recupera a confiança do mundo”, disse na solenidade de encerramento do Fórum Empresarial do Brics.

Bolsonaro disse que vê “um grande número de empresários interessados em diferentes investimentos intra-Brics’” e que as trocas somaram US$ 110 bilhões em 2018. Ampliar os negócios entre os países do bloco também foi a tônica do presidente da China, Xi Jinping. Referindo-se aos brasileiros como “amigos”, o líder chinês disse ser necessário “mobilizar mais recursos da comunidade empresarial e fazer mais negócios entre o Brics”, o que traz boas “repercussões econômicas e sociais”, disse.

Em meio a negociações comerciais com os Estados Unidos, Xi Jinping disse que o desenvolvimento da China é uma oportunidade para o mundo inteiro e afirmou que a decisão de abrir ainda mais o seu mercado continua. “Temos a mesma perspectiva de aumentar nosso crescimento no futuro. Queremos abrir ainda mais nossa economia, aumentar importações e exportações e criar ambiente de negócios mais favoráveis”, afirmou.

O presidente chinês frisou, porém, que o protecionismo crescente no mundo ameaça o comércio e os investimentos internacionais e desacelera a economia mundial. “Espero que o senhor continue a usar seu poder para promover a cooperação entre os países do Brics”, afirmou, dirigindo-se a Bolsonaro. Ele ofereceu tecnologia chinesa para ajudar os demais países do bloco a “alcançarem, juntos, melhores resultados nas áreas de inovação, no que diz respeito à economia social e à economia verde”.

Vladimir Putin, que representa a Rússia, disse que os recursos tecnológicos do país estão à disposição dos parceiros. “Oferecemos cooperação no setor nuclear. Mas gostaríamos que os demais países do Brics vissem nossos avanços em outras áreas, como informática e tecnologia”. No ano que vem, a Rússia assume presidência rotativa do grupo, que terá a primeira reunião em São Petesburgo.

Por sua vez, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa disse que seu país está aberto a negócios e parcerias. “Cada oportunidade de colaborar é também de compartilhar conhecimento e fazer parcerias que empoderam nossos povos”, disse.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, lembrou que, em 10 anos, os países do Brics tiraram milhões de pessoas da pobreza. “É uma ótima plataforma para discutirmos o futuro”. Ainda assim, Modi solicitou que o Fórum do Brics fizesse um estudo sobre iniciativas que possam maximizar o que é definido pela cúpula.