Correio Braziliense, n.20571, 18/09/2019. Política. p.3

"A CPMF morreu em combate"

Anna Russi


O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, ontem, que o imposto proposto pelo ex-secretário da Receita Federal Marcos Cintra, similar à antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, morreu no combate. “O presidente foi contra a CPMF a vida toda. Se alguém fala em CPMF, obviamente o presidente falará que não quer, mas o que queremos não é a volta da CPMF. Era um imposto de transações diferente, mas, para que não haja mal-entendido, morreu em combate”, disse, em discurso na abertura do IV Fórum Nacional do Comércio, no Hotel Royal Tulip Alvorada em Brasília.

Apesar da afirmação, ele garantiu que o governo pensará em uma outra forma de desonerar a folha de pagamento das empresas. “Nós precisamos de uma base tributária diferente para reduzir os encargos trabalhistas. Então, temos um enigma pela frente”, disse. Segundo Guedes, um imposto sobre transações pegaria “tudo o que se move” e poderia ser usado como compensação para reduzir os encargos trabalhistas. “Ia gerar muito emprego, podia gerar crescimento, e quem não estava pagando, quem está na economia informal, não consegue se apresentar para pedir ressarcimento. Mas ainda temos de pensar nas diversas formas a ser feita”, ressaltou.

Guedes destacou que um imposto sobre transações simplificaria o sistema e ia arrecadar cerca de R$ 850 bilhões. Na visão do ministro, a cumulatividade dos encargos trabalhistas é mais grave do que a do imposto de transações. “A cumulatividade da folha de pagamento chega a 14%. Já de transações, com alíquota de 0,4%, chegaria a 4%”, afirmou. Ainda segundo ele, os encargos trabalhistas seriam reduzidos de 20% para 13% ou 10%, a depender da arrecadação sobre transações.