Título: Olívio e Tarso enfrentam novo líder gaúcho
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/03/2005, País, p. A4

No Rio Grande do Sul, a situação se repete. Ministros do governo Lula, Tarso Genro (Educação) e Olívio Dutra (Cidades) estão de olho no Palácio Piratini. Mas a sociedade gaúcha tem dado sinais de que pretende renovação - ambos já foram prefeitos de Porto Alegre, onde o partido governou por 16 anos. Hoje, o PT está fora da prefeitura - comandada por José Fogaça (PPS) - e do governo estadual - o dono do poder é Germano Rigotto (PMDB).

Olívio e Tarso terão que enfrentar o surgimento de uma nova liderança, o ex-prefeito de Caxias do Sul, Pepe Vargas.

Vargas foi prefeito da cidade serrana em duas oportunidades e tem bom trânsito entre os empresários locais. Indícios de nitroglicerina política.

- Disputas internas sempre tensionam, não há jeito. O ideal para nós é que não haja prévias - analisa o deputado Henrique Fontana (PT-RS).

Para Fontana, quando há muitos candidatos, a saída menos traumática é a busca do consenso, do diálogo, da conversa. Prévias se arrastariam por semanas, com debates acalorados e nem sempre amigáveis.

- O vencedor busca convencer a base partidária de que é o melhor nome. Mas os derrotados também conseguem algum apoio, o que acaba por dividir a legenda - considera Fontana.

O petista gaúcho acha que, por isso, é fundamental uma clara hierarquia política e partidária. Para ele, o PT precisa ter responsabilidade, colocando o projeto nacional em primeiro lugar.

O deputado Chico Alencar (PT-RJ) também já sentiu essa responsabilidade partidária pairando sobre sua cabeça. Por duas vezes, teve que abrir mão de disputar a prévia partidária para não sangrar a legenda: no ano passado, desistiu de concorrer com o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), que acabou sendo derrotado na eleição para a Prefeitura do Rio. Em 2000, Alencar abriu mão de disputar a prévia em nome de Vladimir Palmeira, que acabou sendo derrotado por Benedita da Silva.

- Não pode haver uma corrida de egos. As escolhas devem ser feitas de forma aberta, transparente, dentro do mais alto debate político - sugeriu o petista fluminense.

O líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA), aposta na maturidade do partido para equilibrar as disputas regionais com o plano de reeleição de Lula em 2006. Segundo ele, ao longo de seus 25 anos de história, o PT sempre soube resolver seus problemas internos de forma democrática. Admite, contudo, os traumas vividos no Rio, em 1998, e na vitória de Luizianne Lins, eleita prefeita de Fortaleza no último pleito.

- O partido tem sabido construir este projeto nacional. Em 2006, será o momento de colocarmos em prática essa experiência em sintonia com nosso principal projeto: a reeleição do companheiro Lula - afirmou Paulo Rocha.