Correio Braziliense, n. 20628, 14/11/2019. Brasil, p. 6

Falta de acesso e de inclusão

Gabriel Pinheiro


Em entrevista concedida ao programa CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília, na tarde de ontem, o presidente da Associação de Magistrados do Distrito Federal (Amagis), Fábio Esteves disse que ainda não há o que comemorar em relação a melhorias nas oportunidades para pessoas negras no Brasil.

Conforme ressaltou, “nos últimos 15 anos, tínhamos aumentado o acesso dos negros ao ensino superior, mas a questão da empregabilidade e do acesso aos serviços públicos ainda continua em uma situação bastante preocupante para nós.” O magistrado destacou que a cada R$ 1 mil que um homem branco ganha, um negro ganha R$ 560 e uma mulher negra, R$ 440. Segundo ele, esses números são alarmantes e fazem o Mês da Consciência Negra (celebrado no próximo dia 20) ser um momento de discutir democracia, igualdade e raça, além de comemorar a cultura e a memória.

Fábio disse que falta punição e que as instituições de justiça têm um papel muito importante para cobrir nesse sentido. “As pessoas dizem que falta educação, porém, evidentemente, muitas pessoas que são muito bem instruídas também acabam tendo atitudes racistas.” O presidente da Amagis citou casos de racismo que ganharam grande repercussão recentemente, tal como o que ocorreu com os brasileiros Dentinho e Taison, que jogam no futebol da Ucrânia.

“No sistema de justiça, temos vários aspectos para discutir sobre isso. A compreensão desses crimes fica comprometida se nós não tivermos, no âmbito do Judiciário, pessoas que representem essa população negra”, afirmou o magistrado.

* Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi