Título: Situação feminina piorou nos anos 90
Autor: Olivia Hirsch
Fonte: Jornal do Brasil, 06/03/2005, Internacional, p. A8

Em comparação com os demais países do mundo árabe, as iraquianas historicamente tiveram um alto nível de educação, de realização profissional e relativa liberdade pessoal, destaca o relatório da Women for Women International (WWI), organização que tem sede em Washington.

Nos anos 1960 e 1970, antes do regime do ex-ditador Saddam Hussein, muitas trabalhavam nas áreas governamentais, jurídica e médica, hoje praticamente preenchidas apenas por homens. Além disso, elas viajavam ao exterior sem qualquer restrição e mulheres trajando roupas tradicionais dividiam as ruas com outras que usavam, por exemplo, minissaias.

Os direitos das mulheres se tornaram lei no país em julho de 1970 - com a Constituição Provisória Iraquiana -, garantindo o direito ao voto, à educação, a concorrer a cargos públicos e a possuir propriedades.

- As iraquianas tinham associações, grupos fortíssimos que promoviam os direitos das mulheres. Elas obtiveram conquistas tão grandes no Iraque que passaram até a promover esses direitos em outros países, como o Kuwait, por exemplo. Foram líderes regionais durante uma época - afirma Manal Omar, da WWI.

No entanto, depois da chegada de Saddam ao poder, da guerra com o Irã e das sanções impostas ao país na década de 90, as mulheres viram suas conquistas escorrer pelo ralo, com a limitação do acesso à alimentação, saúde e educação.

Antes de 1991, a taxa de alfabetização das mulheres era a mais alta da região. Mas não só elas sofreram com a crise. Segundo as Nações Unidas, a média de alfabetização da população caiu de 80% em 1987 para 40% hoje em dia. O país, que já teve quase todas as crianças matriculadas no ensino primário, tem atualmente 76%.