Título: Pólo de Cinema pode abrigar Cidade Digital
Autor: Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 06/03/2005, Brasília, p. D8

Governo do DF reafirma a sua disposição de revitalizar o local, dando-lhe um caráter multimídia e abrindo espaço às empresas de tecnologia, informática e telecomunicações

A Secretaria de Cultura reafirmou a disposição de revitalizar o Pólo de Cinema e Vídeo Grande Otelo, localizado em Sobradinho. A idéia de reestruturar o espaço e transformá-lo em um conglomerado de produtoras provocou bastante polêmica desde que foi anunciada, dividido a opinião dos cineastas de Brasília. O principal foco da proposta é a reforma da estrutura física do local, com projeto assinado pelo arquiteto Paulo Zimbres. De acordo com o secretário de Cultura Pedro Bório, o arquiteto realizou ampla pesquisa sobre projetos similares, tendo estudado a estrutura de grandes estúdios nacionais e internacionais.

A reforma prevê a divisão do Pólo em grandes lotes, onde empresas e produtoras do ramo seriam concentradas. A Secretaria de Cultura também vê no Pólo uma alternativa para sediar a Cidade Digital, prevista inicialmente para ser localizada ao lado do Parque Nacional de Brasília.

A idéia é dar ao local um caráter mais multimídia, abrindo espaços para empresas de tecnologia, informática e telecomunicações. Segundo Pedro Bório, é preciso acompanhar as mudanças sofridas pelo audiovisual, admitindo a interface com sistemas de TV e radiodifusão.

O Pólo foi criado há 14 anos para impulsionar a produção cinematográfica na cidade, dando condições para que todas as etapas de realização dos filmes pudessem ser feitas em um só local. A escolha de Sobradinho foi motivada pela força cultural da cidade, tida, pelo governador Joaquim Roriz, como síntese do Brasil.

A localização do Pólo provoca muitas polêmicas. O terreno de mais de 400 hectares fica no alto da serra, na área rural, em um local ermo e distante de Brasília. Para piorar a situação, o acesso é feito por uma longa estrada de terra. Em época de chuvas, é quase impossível chegar ao Pólo sem danificar os veículos. Estar de carro, aliás, é condição, imprescindível para quem vai trabalhar ou mesmo conhecer o local.

Segundo o diretor do Pólo de Cinema e Vídeo, Fernando Adolfo, técnicos da Secretaria de Infra-Estrutura e Obras já estiveram no local e iniciaram os trabalhos de asfaltamento, que devem ser concluídos ainda esse ano. As obras, no entanto, estão paradas por tempo indeterminado por causa das chuvas.

A proposta de revitalização tem encontrado resistência de alguns cineastas, que defendem que a Secretaria de Cultura deveria investir mais na liberação de verbas para a classe e na compra de equipamentos. Alguns argumentam que o local é muito distante, tornando quase inviável se deslocar com toda a equipe. Fernando Adolfo rebate as críticas:

- Os equipamentos não são de última geração, mas as pessoas estão usando. No ano passado, cerca de três filmes foram realizados no nosso estúdio. Quanto à distância, o problema é muito maior no Rio e em São Paulo. Aqui, você se desloca rapidamente. Estamos investindo nos editais e, com isso, Brasília se tornou o terceiro centro produtor de cinema do Brasil - defende o diretor do Pólo.