Correio Braziliense, n. 20725, 19/02/2020. Mundo, p. 12

Bloomberg estreia na corrida à Casa Branca



Impulsionado por uma pesquisa nacional que aponta ascensão na preferência do eleitorado, o magnata das comunicações Michael Bloomberg, 78 anos, está confirmado para o debate entre os pré-candidatos democratas, hoje à noite, em Las Vegas (Nevada). Será a primeira participação do ex-prefeito de Nova York em um encontro frente a frente com adversários. A sondagem da National Public Radio (NPR), em conjunto com a emissora de tevê PBS e o instituto Marist, mostra Bloomberg com 19% das intenções de voto, atrás apenas de Bernie Sanders, com 31%. Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama aparece em terceiro lugar, com 15%, seguido pelas senadoras Elizabeth Warren (12%) e Amy Klobuchar (9%) e pelo ex-prefeito Pete Buttigieg (8%). O estado de Nevada realizará caucus (assembleia de eleitores) no próximo sábado.

“Mike está ansioso para se juntar aos outros candidatos democratas no palco e defender o motivo pelo qual ele é o melhor candidato para derrotar Donald Trump e unir o país”, afirmou Kevin Sheekey, gerente de campanha de Bloomberg. “Em todos os cantos do país, existe o desejo de um líder comprovado, de alguém que resista a intimidações (...) e que realize as coisas.” Apesar da presença no debate, Bloomberg não competirá no caucus de Nevada, pois apostas as fichas na Super Terça de 3 de março, quando 14 estados sediarão primárias e assembleias de eleitores.

Dono de uma fortuna de US$ 64 bilhões — US$ 61 bilhões a mais que Trump —, Bloomberg voltou ontem a ser alvo de ataques do presidente republicano, que parece ter sentido o bom momento do adversário. “O que Mini Mike está fazendo é nada menos do que uma contribuição de campanha em larga escala. Ele está ‘espalhando’ dinheiro por todos os lugares, apenas para ter os recibos de seus pagamentos em dinheiro; muitos ex-oponentes se juntando ou apoiando alegremente sua campanha. Isso não é chamado de recompensa?”, alfinetou Trump, por meio do Twitter.

“Mini está ilegalmente comprando a indicação democrata. Eles estão tirando-a de Bernie (Sanders) de novo. Mini Mike, indicações para o grande partido não estão à venda! Boa sorte no debate amanhã (hoje) à noite, e lembre-se, sem pisar nas caixas! (…) Mini Mike. Não, eu iria preferir disputar contra você!, acrescentou o republicano, ao provocar o democrata sobre sua estatura. Sheekey reagiu ao tuíte e questionou se Trump estaria interessado em adulterar “novamente” uma eleição. O próprio Bloomberg, por sua vez, respondeu diretamente na noite de ontem em tom de deboche: “Não posso confiar em uma palavra que você diz — e agora quer que acreditemos em você? Eu o verei em novembro”.

A senadora Elizabeth Warren considerou “uma vergonha que Mike Bloomberg possa comprar sua entrada no debate”. “Pelo menos até agora eleitores das primárias, curiosos sobre como cada candidato enfrentará Trump, podem obter uma demonstração ao vivo sobre como cada um de nós enfrenta um bilionário egomaníaco”, disparou.

Segundo a TV CNN, o “impressionante” desempenho do bilionário democrata na pesquisa é abastecido por centenas de milhões de anúncios financiados por Bloomberg. A emissora avaliou que o magnata democrata se destaca entre quatro classes de eleitores: moderados, brancos sem grau universitário, cidadãos com mais de 45 anos e moradores de áreas rurais.

Para tentar ampliar o eleitorado, Bloomberg fez um apelo a uma parte da população que acredita ser essencial às suas pretensões políticas. “Os jovens eleitores ajudarão a decidir esta eleição. Temas como aquecimento global, acesso à universidade e segurança de armas determinarão o próximo século. Se você quer bater Trump, junte-se a nós”, aconselhou, em uma publicação no Twitter. Timothy O’Brien, conselheiro da campanha de Bloomberg, disse que o ex-prefeito divulgará suas declarações de imposto de renda e venderá a empresa Bloomberg LP, caso se torne o 45º presidente dos Estados Unidos.

Indulto

Ontem, Trump comutou a sentença de um ex-governador de Illinois, preso por corrupção na terça-feira, e também perdoou um chefe de polícia de Nova York preso por fraude fiscal. Os perdões também foram concedidos a Edward DeBartolo Jr, ex-proprietário do time de futebol do San Francisco 49ers, e Michael Milken, um conhecido financeiro que se declarou culpado em 1990 por valores mobiliários e fraude fiscal. A série de ações de clemência, 11 no total, elevou as expectativas de que Trump está pensando em exercer seu poder em casos mais controversos envolvendo ex-associados próximos, incluindo o consultor republicano Roger Stone. Especula-se que o presidente em breve vá perdoar também Paul Manafort — ele e Stone estão envolvidos em uma extensa investigação sobre a tentativa da Rússia de influenciar as eleições que deram a vitória a Trump em 2016.

TUITADAS

“Os jovens eleitores ajudarão a decidir esta eleição. Temas como o aquecimento global, acesso à universidade e segurança de armas determinarão o próximo século. Se você quer bater Trump, junte-se a nós”

Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York e pré-candidato democrata

“Mini (Mike) está ilegalmente comprando a indicação democrata. Eles estão a tirando de Bernie de novo. Mini Mike, indicações para o grande partido não estão à venda! Boa sorte no debate amanhã (hoje) à noite, e lembre-se, sem pisar nas caixas!”

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos