Título: Dólar sobe e se aproxima de R$ 2,70
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Jornal do Brasil, 08/03/2005, Economia & Negócios, p. A20
Unificação do mercado de câmbio começa na próxima semana. Bovespa bate novo recorde: 29.455 pontos
A partir da próxima segunda-feira, pessoas físicas e jurídicas estarão autorizadas a comprar e vender moeda estrangeira sem limitação de valor e as empresas poderão fazer investimentos no exterior em cifras superiores a US$ 5 milhões ao ano sem necessidade de autorização prévia da autoridade monetária. As duas medidas fazem parte do pacote de mudanças nos mercados de câmbio que entrará em vigor no próximo dia 14, conforme informou ontem o Banco Central.
Em reunião extraordinária realizada na última sexta-feira, o Conselho Monetário Nacional aprovou a unificação dos mercados de câmbio livre e flutuante e também uma nova regulamentação das exportações.
Uma das modificações mais relevantes é a extinção das transferências de moeda estrangeira ao exterior por meio das contas de instituições financeiras não-residentes, as chamadas contas CC5. O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman, frisou que aumentará a transparência das operações de câmbio.
- Em determinados meses vemos saídas altas pela CC5 e do que se tratam? De pessoas preocupadas com o país e que estão colocando dinheiro fora? Ou são simplesmente operações de recompra ou de investimento? À medida que essas operações ocorrerem pelo mercado de câmbio haverá melhor entendimento sobre os tipos dessas transações: se referem-se a investimentos brasileiros no exterior ou se é para pagamento de dívida - avaliou Alexandre Schwartsman.
As medidas visam conferir maior transparência aos tipos de transações financeiras no mercado de câmbio, inibir a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas. A outra ponta de repercussão é a busca de um melhor ambiente de negócios por meio da simplificação das regras para transações envolvendo câmbio ou transferências internacionais em reais tais como investimento brasileiro no exterior e empréstimos entre empresa estrangeira e subsidiárias em atividade no Brasil.
Segundo analistas, o pacote de mudanças no mercado de câmbio terá pouco impacto na cotação.
- Antes, os bancos só separavam contabilmente as operações do flutuante e do livre. A conta era a mesma, ou seja, a mudança não faz diferença na prática - afirmou o gerente de renda fixa do Prosper, Carlos Cintra.
Ontem, a moeda americana fechou em alta de 0,79%, vendida a R$ 2,678. O movimento do dólar no Brasil seguiu a cotação no exterior, onde o euro voltou a fraquejar. Além disso, novo leilão de compra de divisas realizado pelo Banco Central ajudou a elevar a taxa de câmbio. O risco país caiu ao menor patamar desde 1997, aos 375 pontos, alta de 2,34% ante sexta-feira. A Bovespa voltou a bater recorde, com alta de 0,88% aos 29.455 pontos - maior patamar da história. Na sexta-feira, o valor de mercado das empresas que negociam ações na Bolsa superou R$ 1 trilhão.
Com Folhapress