Título: Investigação parada
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 18/03/2005, País, p. A4

A CPI das privatizações do setor elétrico, apesar de já ter presidente, relator indicado e todos os integrantes nomeados pelos respectivos partidos, não foi instalada na manhã de ontem. A razão do fracasso na abertura dos trabalhos foi o esvaziamento da sessão, com poucos parlamentares presentes. A desculpa oficial é o descontentamento com o relator indicado, deputado Vladimir Costa (PMDB-PA). Como pano de fundo, no entanto, surge a briga política entre PT e PSDB. - Quem pariu Mateus que o embale. O governo não vai se opor às investigações. Mas quem procura os holofotes de uma CPI é quem deve se empenhar por ela - atacou o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS).

O pedido de instalação de CPI para investigar as privatizações do setor elétrico durante o governo Fernando Henrique foi feito em 2003, pelo deputado João Pizzolatti (PP-SC). Os partidos enrolaram para indicar seus representantes, a Mesa anterior se fez de mouca, não os indicou por ofício e o tempo passou. Há um mês, após o discurso de Lula em Vitória, afirmando que escondera informações relativas a denúncias de corrupção durante a gestão FH, o tema incendiou novamente.

O presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE) anunciou o deputado Vladimir Costa (PMDB-PA) como relator. A escolha causou arrepios em plenário. Costa é conhecido pelos seus gestos extravagantes, como atirar notas de R$ 50 na cabeça dos deputados durante a votação do salário mínimo. O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP) ficou apavorado com o discurso feito pelo relator quarta-feira.

- Ele subiu à tribuna para anunciar que seria o relator, e mandaria construir várias penitenciárias para prender muita gente - recordou o tucano.