O Estado de S. Paulo, n. 46896, 11/03/2022.Economia & Negócios, p. B1

Avança pacote para conter combustível

Denise Luna Fernanda Nunes
Adriana Fernandes
Eduardo Gayer
Daniel Weterman

 

 

Depois de quase dois meses com os preços congelados e duas semanas de disparada na cotação do petróleo em meio à guerra, a Petrobras anunciou o reajuste da gasolina em 18,7%; do diesel, em 24,9%; e do gás de cozinha em 16%, a vigorar a partir de hoje. Para a estatal, a medida reduz a defasagem em relação ao mercado internacional, que já beirava os 50%. Para a população, representa inflação ainda mais alta. Para o governo e o Congresso, uma pressão mais forte em busca de alternativas para amenizar o impacto geral nos preços.

É o maior reajuste nos combustíveis desde 2016. Como resposta, ainda ontem, o Congresso avançou o pacote de medidas que buscam atenuar os aumentos. A mudança no cálculo do ICMS foi aprovada pela Câmara nesta madrugada, após passar também pelo Senado, e vai à sanção presidencial.

Os senadores ainda aprovaram a criação de conta de estabilização dos preços e ampliação do vale-gás a famílias carentes. O mesmo projeto inclui a criação de um auxílio-gasolina de R$ 300 a motoristas de baixa renda. O custo é de R$ 3 bilhões e beneficiaria motoristas autônomos, taxistas e motociclistas de aplicativo com renda familiar mensal de até três salários mínimos. O benefício, porém, esbarra na lei eleitoral, que proíbe a criação de novos subsídios em ano de eleição.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a estatal poderia ter deixado o reajuste para a semana que vem – ou seja, para depois da votação do pacote. “Mas não posso interferir”, disse, em transmissão nas redes sociais.

De última hora, o relator do projeto, Jean Paul Prates (PT-RN), incluiu dispositivo que força a Petrobras a usar os lucros na amenização dos preços – uma cobrança de que a petrolífera ofereça sua “parcela de contribuição”./ Denise Luna, Fernanda Nunes, Adriana Fernandes, Eduardo Gayer e Daniel Weterman