Título: Militares atenderão mais de mil por dia
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 18/03/2005, Rio, p. A13
Operação de guerra para atender população inclui abertura de hospitais de campanha, em unidades móveis montadas sob tendas
Com a ajuda do Exército, Marinha e Aeronáutica, o Ministério da Saúde vai expandir a operação de guerra para resolver a crise no sistema municipal de saúde no Rio. A partir de segunda-feira, serão criados mais 1.100 atendimentos ambulatoriais diários, além de mil exames laboratoriais e 27 leitos clínicos, cirúrgicos e de terapia intensiva. Serão disponibilizados hospitais de campanha, que funcionam em unidades móveis montadas sob tendas. As medidas vão ajudar a desafogar as emergências dos hospitais sob intervenção. As Forças Armadas atenderam ao apelo do governo federal em menos de 12 horas. Segundo o coordenador da intervenção federal nos hospitais do Rio, Sérgio Côrtes, a população também será atendida na Policlínica Militar Moncorvo Filho, das 19h às 23h, que fica ao lado do Hospital Souza Aguiar.
- É uma primeira ação para o aumento do número de atendimentos ambulatoriais - explica Côrtes.
O hospital de campanha da Aeronáutica será montado na Zona Oeste. Estarão disponíveis 400 atendimentos por dia. A Marinha montará a unidade móvel no Centro da cidade e vai disponibilizar 600 atendimentos. Segundo Côrtes, o hospital de campanha do Exército ainda não tem local e nem data prevista para ser montado. No entanto, após a definição do local, a unidade poderá funcionar no prazo de 48 horas.
- O hospital de campanha do Exército ainda precisa ser adaptado para atender a demanda do Rio. Assim que for instalado, ele poderá oferecer mais 400 atendimentos diários - diz Côrtes.
Segundo o vice-almirante da Marinha Helton Setta, as tendas de campanhas são climatizadas, com parte elétrica e hidráulica.
- Elas vão priorizar o atendimento das especialidades básicas. Entre elas, clínica geral, pediatria, ginecologia e ortopedia - informou
Nos hospitais que vão oferecer leitos clínicos e cirúrgicos, os pacientes serão transferidos da central de regulação das seis unidades requisitadas e federais.
- Esses leitos são da central de regulação. Não adianta o paciente procurar internação - frisa Côrtes, acrescentando:
- São medidas que vão melhorar bastante a saúde do Rio, mas só serão efetivas e duradouras se a prefeitura implantar os programas de saúde da família, atenção básico e funcionamento adequado dos laboratórios - insistiu Côrtes.
Na tarde de ontem, as autoridades do grupo interventor de saúde se mobilizaram para resolver mais uma crise. O gestor do Hospital Souza Aguiar, Roberto Bittencourt, anunciou que o estoque de kits de laboratório estava no fim. A ausência do material impediria a realização de cirurgias.
- Não é possível fazer cirurgia sem coagulação. Também não temos como fazer os testes bioquímico e de hemocultura - preocupava-se Bittencourt, informando que, desde janeiro, quando chegou a última remessa dos kits, foi feito o pedido do material à prefeitura.
- A suspensão dos kits leva uma situação extremamente grave para nossos pacientes das emergências. Eles poderiam correr sério risco pela falta de teste sangüíneo na hora de transfusão - avaliou Bittencourt.
Para reverter a situação do estoque, segundo Côrtes, o Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into) liberou empréstimos de kits. O problema deverá ser resolvido nas primeiras 24 horas. Segundo Côrtes, hoje a consultoria jurídica do Ministério da Saúde vai entrar com uma ação na Justiça Federal para informar o descumprimento da liminar que impedia o desabastecimento e a falta dos kits.