Correio Braziliense, n. 20700, 25/01/2020. Política, p. 2

"Redução da criminalidade não tem a ver com ministro"



Cotado para assumir o eventual Ministério da Segurança Pública, o ex-deputado Alberto Fraga (DEM) defende a nomeação de um nome técnico, que tenha experiência no setor para conduzir as ações do governo voltadas para o combate à criminalidade. O ex-parlamentar destacou que os números de mortes violentas e de outros crimes estão caindo em todo o país, mas, segundo sustentou, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, não tem "nada a ver" com esse resultado.

Ao Correio, Fraga, que ocupou a Comissão de Segurança Pública da Câmara e desenvolveu projetos voltados para o combate a organizações criminosas, afirmou que mudar as leis, como fez o pacote anticrime, criado com a participação de Moro, é apenas uma etapa da política nacional voltada para a redução dos índices criminais. "Eu sempre defendi que a pasta tem de ser específica. Essa sempre foi minha luta. No governo Temer, funcionou. Eu acho uma hipocrisia dizer que os números foram reduzidos pelo ministério (da Justiça e Segurança Pública). Ele não é um órgão executor, é um órgão normativo."
Fraga ressaltou que esteve com o presidente Jair Bolsonaro por três dias nesta semana, mas não tocou na eventual divisão das pastas. Ele disse que falou com o chefe do Executivo sobre o tema no ano passado, no começo do governo.
Na opinião do ex-deputado, Moro não tem a experiência necessária para estar à frente de todas as funções que possui atualmente. "Eu sou suspeito para falar, pois, quando o ministério foi criado, eu fui ao governo Temer. Eu fiz o pedido, com a bancada da segurança pública. Respeito a figura do Moro, ícone de combate à corrupção. Agora, não venha me dizer que os números de redução (da violência) têm a ver com ele, porque não tem", enfatizou.
Ainda de acordo com Fraga, é preciso separar a função do Ministério da Justiça — que criar normas e sugere leis — da de Segurança, responsável pelo planejamento das políticas do setor. "Ele é um cara espetacular (Moro). Eu parabenizo o pacote anticrime, concordei com tudo. Agora, ele não é executor de segurança pública. Dizer que o pacote anticrime é responsável por diminuir a violência é hipocrisia", completou.