Título: Policiais resistem a programas de direitos humanos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/03/2005, País, p. A2
Diversas autoridades da área de segurança pública nos estados e municípios estão encarando de frente a resistência que as polícias Civil e Militar apresentam aos projetos de prevenção do crime, especialmente nas áreas de direitos humanos e polícia comunitária. A Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Mello e o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, em Alagoas, promoveram cursos de direitos humanos para policiais e apontaram como maior dificuldade ''a contra-propaganda relacionada ao tema''. O capitão PM Antônio Casado de Farias Neto, que redigiu o relatório enviado à Secretaria Nacional de Segurança, afirma que muitos policiais ainda acham que os direitos humanos são ''complacentes'' com bandidos.
No Ceará, a Academia de Polícia Civil realizou o Curso de Gênero e Violência para civis e militares, para prevenir a violência contra mulheres. A grande dificuldade dos organizadores foi ''a resistência dos policiais de se capacitarem nesta áreas''.
A Prefeitura de Belo Horizonte lançou o Plano Diretor para a Consolidação da Polícia Comunitária do Barreiro - cidade que fica na região metropolitana de BH - com o objetivo de promover ampla integração entre polícias Civil, Militar e Bombeiros. As principais dificuldades para a realização do plano foram ''resistência interna'' e ''resistência por parte de alguns PMs''. Responsável pelo relatório, o delegado de Barreiro, Sebastião Francisco dos Santos acredita que a resistência das polícias a programas preventivos é resquício do regime militar, quando prendiam truculentamente.
O secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, afirma que o governo quer disseminar programas de prevenção contra a criminalidade nos municípios. Para isso, criou o Observatório Democrático e vai incentivar projetos de prevenção ao crime.