Correio Braziliense, n. 21369, 17/09/2021. Política, p. 6

Ribeiro se desculpa por falas preconceituosas



O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu desculpas, ontem, por declarações polêmicas sobre minorias e educação. Em audiência pública na Comissão de Educação, Esportes e Cultura do Senado, afirmou ter ficado surpreso com a repercussão de suas falas — chegou a afirmar que "universidade deve ser para poucos" e que "crianças com deficiência em sala de aula com crianças sem deficiência, além de não aprender nada, atrapalha o aprendizado dos outros".

"Esse foi o meu grande erro. Porque há uma linguagem e um vocabulário próprio para tratar desses assuntos. Desse assunto ,que é tão sensível e que me entristeceu de uma maneira muito grande. Eu, pela minha própria formação, até religiosa, ter tido essa pecha de ser um homem que quer lançar os deficientes num fosso e em uma vala, isso me tocou demais. Eu fiquei muito sentido. E não é essa a realidade e nem é esse o meu pensamento", explicou.

Para o Senador Fabiano Contarato (Rede-ES), a população merece mais que um "pedido de desculpas". "A sociedade brasileira merece um pedido de desculpas, mas um pedido de desculpas com medidas de inclusão, com ação. O mínimo que o senhor deve à população brasileira é um pedido de desculpas — aos pobres, negros, índios, pessoas com deficiência, população LGBTQIAP+, mas não só pedido de desculpas", cobrou.

Em 9 de agosto, Ribeiro disse, em entrevista ao programa Novo Sem Censura, da TV Brasil, que a "universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade". Sobre o "inclusivismo", quando um deficiente é incluído em uma sala de aula com educação regular, disse que a criança "não aprendia", "atrapalhava", pois "a professora não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial".

(GB com Gabriela Chabalgoity e Bernardo Lima, estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi)

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