Título: Falta de chuva seca avanço do agronegócio
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 20/03/2005, Economia & Negócios, p. A22

Soja é o produto mais atingido

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) encerra esta semana o levantamento sobre as perdas causadas pela estiagem na safra deste ano. Os técnicos da instituição percorrem os estados mais atingidos para recalcular a estimativa para a colheita de grãos, que em fevereiro era de 123,407 milhões de grãos. Mas a falta de chuvas deve acarretar uma forte correção nos números.

- Desde 1985 temos problemas com estiagem, mas a deste ano teve o efeito de um terremoto - afirma Nestor Hein, diretor jurídico da Federação da Agricultura do Estado Rio Grande do Sul (Farsul), que prevê uma colheita de grãos 7,6 milhões de toneladas menor que o previsto.

O estado também terá fortes perdas na pecuária, onde o prejuízo estimado é de R$ 730 milhões.

A soja foi, até o momento, o produto que sofreu as maiores perdas. De acordo com dados das federações agrícolas estaduais, Goiás colherá 1 milhão de toneladas a menos do produto, enquanto no Mato Grosso do Sul a quebra é de 1,5 milhão de toneladas. No Paraná, 16% do que foi plantado com o grão foi perdido, o equivalente a 2,4 milhões de toneladas.

Em Santa Catarina, os maiores problemas estão no milho e na pecuária e o prejuízo total estimado é de R$ 800 milhões. De 4 milhões de toneladas previstas para a colheita do grão, 1 milhão foram inutilizadas.

Mas os catarinenses sofrem mais com as perdas na pecuária. Maior exportador brasileiro de aves e suínos, o estado viu 5% da produção anual do setor se perderem. A indústria de leite deixa de contabilizar diariamente 40% dos 2 milhões de litros habitualmente produzidos.

- A seca está ameaçando a cadeia de emprego no estado. Cerca de 80% da economia das regiões do oeste catarinense é baseada na agropecuária - diz Enori Barbieri, vice-presidente da Federação de Agricultura de Santa Catarina.