Título: Cinturão com potencial para crescer
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 20/03/2005, Brasília, p. D1

Cidades como Ceilândia e Gama apresentam renda, população e carências que constituem um atrativo para investimentos

Com renda per capita superior à da maioria dos municípios do País, população em crescimento e carências ainda não atendidas, a maioria das cidades do Distrito Federal e do Entorno apresenta um grande atrativo para novos investimentos. Esse diagnóstico é feito por entidades empresariais, como a Federação das Indústrias do DF (Fibra) e consultores de varejo e técnicos que trabalham na indústria. Estão nesse caso Ceilândia e também as cidades do eixo Brasília-Luziânia, como Valparaíso e Cidade Ocidental, que estende sua influência até o Gama. Taguatinga já apresenta desenvolvimento acima do padrão nacional. A média da renda do brasiliense fica de R$ 14,4 mil por ano, mais que o dobro da média nacional. O Produto Interno Bruto (PIB) do DF registrou crescimento nos últimos anos. No período de 1994 a 2001, o valor passou de R$ 6,7 bilhões para R$ 30 bilhões. A previsão do secretário da Agência de Desenvolvimento Econômico, Afrânio de Souza, é de que o PIB chegue a R$ 42 bilhões em 2005.

- O crescimento no DF se deve à ampliação da rede bancária, ao aumento da produção agropecuária e ao surgimento de novas empresas na região - afirma o secretário.

Segundo o consultor de investimentos Alexandre Ayres, a relação entre baixa renda per capita e grande população pode ser um estímulo para um investimento rentável. No caso de Ceilândia, a renda per capita mensal é de R$ 216, contra R$ 1.140 de Brasília, mas a população da cidade-satélite é de quase 400 mil. Os dados foram foram coletados pela Codeplan, em 2000.

- A relação de renda baixa e grande população é positiva do ponto de vista do crescimento econômico. Mas quando tanto a renda quanto a população é pequena, os investimentos ficam inviáveis, como é o caso de Planaltina - explica Ayres.

Ele acrescenta que regiões como Sobradinho e Ceilândia estão com capacidade ociosa nos investimentos feitos.

- Brasília já está saturada. Hoje, o varejista entende que é mais rentável abrir lojas nas satélites. O crescimento do varejo nessas cidades começou há cinco anos e deve durar mais dez anos - prevê o consultor.

De acordo com Ayres, os investimentos nas satélites devem ser em áreas mais ligadas ao desejo do que à utilidade. Isto porque essas cidades já possuem bancos, padarias e supermercados, por exemplo.

- Há espaço para negócios nos segmentos de roupas, eletroeletrônicos, perfumaria, restaurantes e áreas de lazer - afirma.