Título: ''2005 será o ano da colheita''
Autor: Sérgio Pardellas, Paulo de Tarso Lyra e Daniel Per
Fonte: Jornal do Brasil, 24/03/2005, País, p. A3

Agora que a reforma é coisa do passado, um ''assunto encerrado'', segundo reiterou o presidente na reunião da equipe ministerial realizada ontem, Lula afirmou que ano será decisivo para a ''colheita do que foi plantado pelo governo em 2003 e 2004''. - Quero que os ministros acelerem ao máximo os seus trabalhos. A única reforma em pauta agora é a agrária - enfatizou o presidente.

Ainda na mensagem lida aos ministros, Lula definiu como as prioridades do governo neste ano a melhoria da gestão da Previdência, a conclusão da ferrovia Transnordestina e o avanço nos projetos de Biodiesel e de transposição do Rio São Francisco.

Segundo o porta-voz da Presidência da República, André Singer, Lula pediu à Casa Civil a organização de reuniões ministeriais para aprofundar temas como a reforma universitária e a transposição das águas do Rio São Francisco.

A reunião, que durou cerca de uma hora e dez minutos, transcorreu num clima descontraído e, segundo um ministro do núcleo político, as palavras do presidente, dando conta de que a reforma ministerial havia saído da pauta, soou como um alívio para os integrantes do primeiro escalão sob ameaça de demissão. Num dado momento da reunião, Lula chegou a elogiar a lealdade dos ministros durante o ''difícil'' período das costuras políticas para a reforma.

Cotado para deixar o governo na reforma ministerial que se desenhava, o ministro da Saúde, Humberto Costa, foi até citado como exemplo de gestão competente por Lula. Na hora de elencar as medidas tomadas com agilidade pelo governo este ano, o presidente destacou o combate à seca na região Sul e a intervenção na Saúde do Rio, a cargo do ministro. O chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, também recebeu um deferência especial de Lula, que o elogiou pela condução das negociações para a reforma.

Na avaliação de ministros, foi uma espécie de ''elogio de desagravo'', pelo fato de Lula, ao anunciar uma minirreforma anteontem, ter praticamente desautorizado o ministro nas negociações com o PP e PMDB. Dirceu já havia convidado para o governo, por exemplo, o segundo vice-presidente da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), e sinalizado que a senadora Roseana Sarney (PFL-MA) poderia vir a ser assumir o ministério da Coordenação Política, o que, ao menos por hora, não se concretizou.

Além dos novos ministros da Previdência Social, Romero Jucá (PMDB/RR), e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo (PT-PR), Lula apresentou o novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Apenas não participaram da reunião os ministros da Educação, Tarso Genro, da Defesa e vice-presidente, José Alencar, e das Relações Exteriores, Celso Amorim, que cumpriam compromissos oficiais fora de Brasília.

Na próxima terça-feira, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, deve reunir os líderes dos partidos da bancada aliada na Câmara para avaliar o momento político, discussão da pauta e contabilizar os apoios do governo no Congresso. Será a primeira reunião dos líderes com o Aldo em 2005. Severino, entretanto, se antecipou e já marcou para semana que vem votações importantes na Casa.