Título: Lula entra na articulação política
Autor: Sérgio Pardellas, Paulo de Tarso Lyra e Daniel Per
Fonte: Jornal do Brasil, 24/03/2005, País, p. A3

Presidente vai negociar pessoalmente com partidos da bancada governista e cobra que ministros se empenhem no diálogo com aliados

O fracasso das negociações entre o Palácio do Planalto e os partidos para realização da reforma ministerial, fruto da falta de unidade da base de apoio ao governo no Congresso, levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a começar a operar na articulação política para azeitar a relação com o Legislativo. Na primeira reunião ministerial do ano, um dia após o anúncio das alterações na Esplanada, o presidente cobrou dos ministros mais empenho no diálogo com o Congresso. Lula sinalizou que também passaria a articular politicamente para melhorar a relação entre governo e o Legislativo, condição essencial para a aprovação de projetos de interesse do Executivo este ano.

No fim da tarde, o recado de Lula dado na reunião com os ministros se concretizou. Numa reunião no Palácio do Planalto com líderes do PTB, o presidente passou a participar de forma ativa das costuras políticas com o Congresso. Estavam presentes, além do presidente, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, e o novo líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

A entrada do presidente Lula na articulação política, numa parceria com líderes e ministros, é a maneira encontrada pelo Planalto para pôr uma espécie de freio de arrumação no governo e na sua relação com a base de sustentação no Congresso. O modelo foi usado nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso durante períodos de maior turbulência política.

A melhora da interlocução entre Executivo e Legislativo é vista pelo presidente Lula como fundamental para facilitar a aprovação de três projetos considerados prioritários: o marco regulatório das agências reguladoras, que é uma demanda da iniciativa privada, do saneamento básico, que visa a atrair investimentos privados para a área, e o projeto que estimula a formação de micro e pequenas empresas, além da redução da informalidade entre elas, por meio da redução da carga tributária do setor.