Título: Lula, Severino e os 'bagrinhos'
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/03/2005, País, p. A3
Dizendo-se preocupado com a ''desmoralização'' de líderes partidários no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou ontem a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidente da Câmara de ''revolta dos bagrinhos'', um evento no qual ele, os aliados e ''principalmente o PT'' cometeram erros.
Lula afirmou ainda que Severino não tem a força que pensa em votações normais, referindo-se aos 300 votos que elegeram o pepista. Num tom ainda de contrariedade com Severino, disse que o ultimato do presidente da Câmara foi uma declaração ''desastrada'', mas que não podia ficar sem uma resposta.
Severino afirmou que, se Lula não nomeasse um ministro do PP, o partido se aliaria à oposição. O presidente da Câmara logo recuou, mas Lula usou o ultimato como pretexto para suspender uma reforma ampla que daria uma pasta ao PP.
- No PT, já aconteceu, mas não durou. Em 1993, teve a revolta dos bagrinhos contra o grupo meu e do Zé Dirceu, que era chamado de Otan, por mandar no partido. Depois, voltamos com mais força - disse Lula, de acordo com relatos de ministros.
''Revolta dos bagrinhos'' era como Lula e dirigentes moderados chamavam as tentativas de radicais de influenciar as decisões do partido. Em 1993, Lula e o hoje ministro José Dirceu (Casa Civil) se desentenderam e permitiram que uma parte dos moderados se aliasse aos radicais. Resultado: perderam a maioria no Diretório Nacional.
Folhapress