Título: Risco Brasil se iguala ao da Venezuela
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/03/2005, Economia & Negócios, p. A18

Índice chega aos 466 pontos, no quarto maior patamar do mundo, e dólar sobe a R$ 2,75

O alerta do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) sobre o aumento das pressões inflacionárias e a divulgação de um índice de inflação ao consumidor acima do esperado nos EUA agitaram o mercado da dívida dos países emergentes. Assim, o risco brasileiro chegou a subir ontem até 4,7% na máxima dos 466 pontos, alcançando o da Venezuela e assumindo o quarto lugar no ranking da desconfiança dos investidores estrangeiros. A Argentina lidera o ranking, seguida de Equador (659) e Nigéria (630). Agora possuem risco menor que o do Brasil a Venezuela (465), Filipinas (417) e Colômbia (380).

Houve ainda rebaixamento da recomendação da corretora americana Merrill Lynch para os títulos da dívida de emergentes. Desta forma, os investidores reduziram suas apostas nos papéis de países como o Brasil e correram para os títulos americanos, que passam a pagar remuneração maior. De 4% no início do ano, a taxa paga pelos papéis do Tesouro americano com vencimento em dez anos está no nível mais elevado desde maio de 2004 (acima de 4,6%). Para os economistas, essa taxa acima de 4% torna menos atraente a aplicação dos estrangeiros nos emergentes, principalmente no Brasil, que lidera esse mercado em volume de negócios.

O anúncio do Fed também fez com que o dólar fechasse ontem com a maior alta percentual em quase 10 meses. A cotação subiu 1,92% e encerrou a R$ 2,75. Desde o final de maio do ano passado, a divisa não avançava tanto em um único dia.

Afetada pelos juros no Brasil e nos EUA, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda, pelo quarto pregão consecutivo. O Ibovespa (53 ações mais negociadas na bolsa) caiu 1,39% e terminou o dia somando 26.248 pontos, o patamar mais baixo desde o dia 4 de fevereiro passado.

Desta forma, o índice paulista acumula perdas de 6,54% nos últimos quatro dias e de 6,72% no mês. No acumulado do ano, o Ibovespa praticamente zerou os ganhos (+0,19%). O volume financeiro dos negócios somaram R$ 1,836 bilhão, abaixo da média diária do mês passado (R$ 2 bilhões).

Hoje, os negócios serão influenciados pela divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento do Banco Central vai indicar a tendência para os juros, que foram elevados na semana passada em 0,50 ponto percentual, para 19,25% ao ano.