Título: Taxa do especial supera 146%
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/03/2005, Economia & Negócios, p. A19

Juro médio para pessoa física sobe para 64% ao ano

A taxa de juros do cheque especial chegou a 146,4% ao ano em fevereiro, a mais alta desde novembro de 2003, quanto atingiu 146,5%. Em janeiro, a taxa era de 144,6%. Essa é a modalidade de crédito com maior custo para o consumidor, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central.

No início do ano, a demanda por crédito como cheque especial costuma ser maior, já que as famílias precisam quitar débitos como IPTU e IPVA. Além disso, as elevações na taxa básica de juros da economia, a Selic, têm contribuído para o aumento do custo do dinheiro.

- As taxas estão em linha com a política monetária - diz Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC. Desde setembro, a Selic já subiu sete vezes seguidas e hoje está em 19,25% ao ano.

A taxa de juros cobrada nas operações de crédito pessoal subiu 0,8 ponto percentual de janeiro para fevereiro, e chegou a 75,3% ao ano. Esse aumento só não foi maior porque os juros cobrados nas operações de crédito consignado - com desconto em folha - ficaram praticamente estáveis no mês passado, em 39,4% ao ano, ante 39,3% ao ano em janeiro.

Na média das modalidades oferecidas no mercado, a taxa de juros para pessoa física pulou de 63,4% ao ano em janeiro para 64% no mês passado.

- Hoje você tem a possibilidade de migrar para modalidades de custo mais baixo, como do cheque especial para o crédito consignado - disse Lopes.

Entre as empresas, a taxa média cobrada pelos bancos aumentou 0,2 ponto percentual de janeiro para fevereiro, chegando a 32,4% ao ano.

A taxa média geral, que inclui as operações de pessoas físicas e jurídicas feitas por meio de recursos livres, ficou em 47,5% ao ano em fevereiro, também a maior taxa desde novembro de 2003 (48%).

O spread bancário - diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes - ficou em 28,8 pontos percentuais em fevereiro, considerando empresas e pessoas físicas, contra 28,5 pontos em janeiro.

A inadimplência ficou estável em fevereiro, em 7,3%. A estabilidade aconteceu tanto para pessoa física (12,4%), como pessoa jurídica (3,6%).

As operações de crédito chegaram a R$ 498,3 bi em fevereiro, alta de 1,4% em relação a janeiro. O valor representa 26,7% do PIB. Esse é o maior volume em relação a PIB desde maio de 2002 (26,8%).

Folhapress