Título: Plano de segurança para fiéis
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/04/2005, Internacional, p. A8

A cidade começou a se preparar para dias pouco comuns devido a um eventual falecimento do papa João Paulo II, em estado crítico, marcados pelo funeral do Pontífice e pela eleição do sucessor.

O estado de saúde extremamente grave do papa levou as autoridades locais de Roma a preparar um plano para administrar a provável presença em massa de peregrinos na cidade.

Em princípio, o plano está limitado ao interesse gerado em fiéis e turistas pela saúde do papa e pelo desejo de demonstrar solidariedade, mas é inevitável pensar no cenário futuro de morte do Bispo de Roma, que levará à capital italiana fiéis e estadistas de todo o mundo.

O governador civil de Roma, Achille Serra, convocou o prefeito da cidade, Walter Veltroni, Enrico Gasbarra, eleito governador da província de Roma, e os chefes da Polícia Municipal, dos Bombeiros e dos Carabineiros.

Na reunião, conversaram sobre ''como organizar da melhor maneira as questões relativas à ordem pública em vista da chegada de centenas de milhares de peregrinos preocupados com a saúde do Pontífice'', segundo Serra.

Os poderes locais querem estabelecer áreas em Roma nas quais será permitido armar barracas de campanha ou outras estruturas como alojamentos provisórios e para prestar ajuda por parte de equipes de assistência.

O prefeito, Walter Veltroni, destacou que a capital italiana está acostumada a receber grandes eventos e que o previsível fluxo de fiéis nestes dias será bem administrado.

Um acontecimento como a morte e a eleição de um novo pontífice, no entanto, não ocorre desde 1978 e as necessidades atuais dos veículos de comunicação e dos estadistas são muito diferentes em termos de logística.

Quando morre um papa, seu corpo é exposto por um dia na Capela Sistina para homenagens de fiéis e, depois, levado à Basílica de São Pedro, onde fica por três dias, até o funeral, que ocorre na praça com a presença de governantes e personalidades de todo o mundo.

É previsível que Roma tenha que se adequar à dificuldade de abrigar uma cerimônia do tipo, que depois será encerrada com o Conclave (assembléia que elege o novo papa), convocado entre 15 e 20 dias depois da morte do Santo Padre.

O Conclave não gera tantos problemas em relação à presença em massa de fiéis, mas haverá gente disposta a saudar a chegada do primeiro papa eleito no século 21.

Mais de 60 mil pessoas - turistas, religiosos, fiéis e jornalistas - permanecem na Praça de São Pedro, no Vaticano, onde predomina um ambiente de expectativa e emoção diante das notícias sobre a deterioração do estado de saúde do pontífice.

Os peregrinos, cautelosos, misturam solidariedade e nervosismo, sentados em cadeiras improvisadas com rosários e rádios nas mãos.

Representantes de mais de uma centena de emissoras de rádio e televisão ocupam o espaço entre o Castel Sant'Angelo, onde ficam as unidades móveis das equipes, e a praça de São Pedro.

O grande aparato das forças de segurança cuida para que ninguém altere o espírito de reflexão e oração que impera na Basílica, onde os fiéis aproveitam para deixar flores e lembranças como mostra de apoio ao papa.