Título: Citi exige US$ 300 milhões de banqueiro
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Fonte: Jornal do Brasil, 14/04/2005, Economia, p. A17
BRASÍLIA - Um novo processo movido pelo Citigroup na justiça americana promete tirar ainda mais o sono de Daniel Dantas. A instituição americana exige outra indenização, desta vez no valor de R$ 300 milhões, para compensar o que considera ''violações contratuais''.
Para sustentar o pedido, o Citi acusa o Opportunity, banco de Dantas, de ter cometido irregularidades na gestão do fundo CVC, que concentra as participações dos investidores estrangeiros nestas e em outras empresas. Entre elas, os americanos enumeram quebra de contrato, fraude, negligência.
O Citi alega, ainda, na Justiça americana, que Dantas usou indevidamente recursos do fundo para pagar advogados do Opportunity.
Alvo das atenções do mundo corporativo e financeiro esta semana, o engenheiro e economista Daniel Dantas, de 50 anos, mantém a imagem de empreendedor capaz de reunir fortunas com a mesma obstinação e frieza com que afasta sócios. Discreto, um dos homens mais ricos do Brasil trabalha das 7h30 às 23h e não tira férias.
O empresário baiano começou a trabalhar cedo. Montou fábrica de sacolas, teve posto de gasolina, trabalhou na indústria têxtil e numa empresa de turismo. Foi engenheiro na empreiteira baiana Odebrecht.
Ligado ao PFL, aproximou-se do senador Antonio Carlos Magalhães. Durante dez anos, foi sócio do também baiano Nizan Guanaes na agência de publicidade DM9. Dantas fez doutorado no Massachusets Institute of Technology, nos EUA. De volta ao Brasil, empregou-se no Bradesco. Depois, trabalhou no banco Icatu, onde acabou presidente.
Dantas foi citado como possível ministro da Fazenda no governo Fernando Collor (1990-1992). O Opportunity começou a operar em 1996.
O império de Dantas foi montado em cima de fundos de pensão públicos e de sócios estrangeiros com os quais tinha conflitos: a Telecom Italia, na telefonia fixa, e o grupo canadense TIW, no caso dos celulares.
Em 1998, Dantas esteve no centro das investigações sobre suspeitas de favorecimento na privatização de empresas do Sistema Telebrás. Em maio de 1999, começaram as divergências com os sócios Telecom Italia e os fundos de pensão.
Em 2000, fundos de pensão entraram na Justiça contra o Opportunity, por supostas manobras societárias.