O Globo, n. 31466, 01/10/2019. Economia, p. 19

Dívida pública chega a R$ 5,6 tri, ou 79,8% do PIB

Renata Vieira


A dívida bruta brasileira continua crescendo e bateu recorde em agosto, informou ontem o Banco Central. No mês passado, o endividamento chegou a R$ 5,617 trilhões, equivalente a 79,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Trata-se da maior proporção do PIB da série histórica, iniciada em dezembro de 2006. Em julho, essa parcela era de 79%. A expectativa do governo é que o nível de endividamento chegue a 80% até o fim deste ano.

Esse indicador é um dos principais acompanhados por agências de classificação de risco internacionais na hora de avaliar a capacidade de pagamento de um país. Hoje, a dívida brasileiro está acima da média da dos países emergentes, nos quais a proporção é próxima de 50% do PIB. Em 2010, a dívida respondia por 52% do PIB.

O BC também informou que as contas do setor público fecharam agosto no vermelho, com déficit de R$ 13,4 bilhões. Apesar de negativo, o montante é menor que o registrado no mesmo mês de 2018, quando o rombo foi de R$ 16,9 bilhões. O resultado de agosto é o melhor para o mês desde 2015. Nessa conta, o governo central (que engloba o BC, o governo federal e o INSS) respondeu por um déficit de R$ 16,5 bilhões. Já os estados registraram superávit de R$ 2,7 bilhões, e as empresas estatais foram superavitárias em R$ 355 milhões em agosto.

Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o governo central tem contribuído gradualmente para a redução do déficit nos últimos meses. O rombo do INSS continua tendo peso significativo nas contas públicas. Em agosto, o déficit da Previdência foi de R$ 20,6 bilhões, o maior para o mês da série histórica do BC.

No ano, também houve melhora nas contas públicas, apesar de continuarem deficitárias. De janeiro a agosto de 2019, o déficit primário do setor público foi de R$ 21,9 bilhões, 37% menor que os R$ 34,7 bilhões do mesmo período de 2018. A meta de déficit primário para este ano é de R$ 139 bilhões.