Título: Saúde: ministério volta à Justiça
Autor: Joana Dale
Fonte: Jornal do Brasil, 02/04/2005, Rio, p. A17

Humberto Costa quer direito de resposta

O ministro da Saúde, Humberto Costa, deu início ontem a mais um round na guerra travada entre governo federal e Prefeitura do Rio por causa da intervenção em seis hospitais da cidade. Costa anunciou que vai entrar na Justiça Federal contra o PFL, exigindo direito de resposta aos ataques feitos no programa exibido na noite de quinta-feira. O PFL acusou o governo de ter feito a intervenção nos hospitais públicos do Rio com objetivo eleitoral, depois de o prefeito Cesar Maia ter se lançado pré-candidato à Presidência da República. Apesar das críticas feitas por Cesar Maia à intervenção, relacionando-a à Alemanha nazista, a prefeitura recuou ontem e decidiu suspender a transferência de profissionais do Posto de Atendimento Médico (PAM) do Méier para a emergência do Hospital Salgado Filho.

- Mais um round foi vencido pela população. O PAM Méier tem funcionamento satisfatório, 600 pessoas são atendidas por dia. Vamos promover concurso de profissionais para a emergência do Salgado Filho - declarou Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos.

Três semanas depois do início da intervenção federal na saúde do Rio, Sérgio Côrtes, coordenador da operação, se reuniu ontem com a direção dos seis hospitais da rede municipal que agora estão sob gerência do Ministério da Saúde. O objetivo foi fazer um balanço das medidas tomadas e integrar o corpo clínico das unidades.

- Verificamos que os hospitais ainda apresentam muitos problemas - disse Côrtes.

Para ele, os maiores avanços da intervenção foram a humanização das filas, a classificação de risco e a regulação de internação.

Para Darze, o saldo da intervenção é positivo. Ele acredita que a medida possibilitou a tomada de medidas emergenciais, como reabastecimento da rede, recuperação de equipamentos desgastados e renovação de contratos de empresas que fazem manutenção nos hospitais - vencidos desde setembro.

Ele comemorou também a extensão da cargha horária dos médicos.

- Por lei, o médico federal trabalha 20 horas por semana. O Ministério da Saúde concedeu a possibilidade dessas 20 horas dobrarem, caso o profissional deseje. É uma forma dos pacientes terem mais gente para atendê-los - explicou.

Foi feito novo levantamento das necessidades de medicamentos em cada uma das unidades. O Souza Aguiar, por exemplo, necessita de maiores quantidades de soro do que as outras unidades. Côrtes constatou que os hospitais não tinham o controle básico do fluxo de medicamentos e da estrutura de suas farmácias e almoxarifados. Remédios com prazo de validade mais recente eram utilizados antes de outros com prazo mais antigo, o que gerava desperdício dentro das unidades.

Ontem foram registrados 610 atendimentos no hospital de campanha montado no Campo de Santana, de um total de mais de 3 mil feitos durante a semana.