Título: Saldo comercial cresce 30%
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Jornal do Brasil, 02/04/2005, Economia & Negócios, p. A21
Governo admite que câmbio não reduziu exportações e acredita que vendas podem chegar a US$ 10 bilhões por mês
As exportações brasileiras atingiram US$ 9,251 bilhões no terceiro mês do ano, recorde para meses de março e 22% acima do volume vendido no exterior em igual mês de 2004. Considerando as importações de US$ 5,902 bilhões, 15,5% maiores, o saldo comercial de março fechou positivo em US$ 3,349 bilhões. Com esses resultados, o país obteve superávit de US$ 8,319 bilhões no primeiro trimestre de 2005, 35,5% acima do saldo obtido em igual período de 2004. O resultado de janeiro a março representa o maior superávit da história para um primeiro trimestre.
As exportações dos primeiros três meses do ano somaram US$ 24,451 bilhões, 25,7% maiores em decorrência de embarques recordes de produtos manufaturados e semimanufaturados. As importações totalizaram US$ 16,132 bilhões, um acréscimo de 21,2%.
A expansão crescente das vendas de produtos brasileiros no exterior no início de 2005, em níveis superiores aos projetados pelo governo e pelo mercado, levaram o secretário de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, a projetar receitas cambiais mensais de US$ 10 bilhões com os embarques destinados ao exterior.
- O Brasil não está longe de exportar US$ 10 bilhões por mês - avaliou.
Para o segundo trimestre, a tendência é de expansão ainda maior. Cinco fatores tendem a manter as exportações em alta: início dos embarques da safra agrícola, maiores vendas de minério de ferro com preços cerca de 70% acima dos níveis de 2004, ampliação das vendas de produtos manufaturados em importantes mercados como Estados Unidos e Argentina e ainda a valorização dos preços de algumas commodities agrícolas e minerais.
Devido à conjugação desses fatores, o governo avalia que as empresas brasileiras não deixarão de exportar em função de um câmbio menos competitivo. No mês passado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior reviu para cima a meta de vendas a serem feitas pelo país em 2005, que passou de US$ 108 bilhões para US$ 112 bilhões.
- Muito embora um ou outro segmento faça reivindicações de câmbio, as empresas não abandonarão o mercado externo, que foi conquistado com investimentos -, enfatizou Ivan Ramalho.
Os produtos brasileiros que apresentaram as maiores taxas de crescimento de vendas no exterior no primeiro trimestre foram fio-máquina (164,9%, para US$ 331 milhões), ferro fundido (151,3%, para US$ 497 milhões), celulares (113%, para US$ 574 milhões), carne suína (94,4%, para US$ 218 milhões) e açúcar em bruto (90%, para US$ 471 milhões). Os produtos que apresentaram as maiores receitas foram minério de ferro (US$ 1,189 bilhão), automóveis (US$ 850 milhões), aviões (US$ 644 milhões) e carne de frango (US$ 649 milhões).
Os maiores compradores de produtos brasileiros nos primeiros três meses deste ano foram Estados Unidos (36,2%) e Argentina (37,8%), que também adquiriram a maior quantidade de itens com grande valor agregado. A China, o terceiro maior mercado das exportações brasileiras e tradicional comprador de soja e minério, registrou ligeira alta de 0,6% no período e registrou queda de 5,1% nas vendas para o Brasil.
As importações feitas pelas empresas brasileiras somaram US$ 16,132 bilhões no primeiro trimestre, um avanço de 21,2%. Nesse grupo, o destaque ficou com bens de capital, cujos gastos com aquisições feitas no exterior representaram 27,4% do total. A importação de bens de capital é um dos indicadores usados na avaliação do nível de investimento. No período, as compras de combustíveis e lubrificantes tiveram incremento de 41,6%, as aquisições de bens de consumo avançaram 21,4% e as compras de matérias-primas e intermediários ficaram 17,5% maiores.
Com o resultado do primeiro trimestre, as exportações acumuladas em 12 meses romperam pela primeira vez a barreira dos US$ 100 bi, ficando em US$ 101,478 bilhões.