O Estado de S. Paulo, n. 46866, 09/02/2022. Política, p. A10

TSE aprova registro do União Brasil, fusão entre DEM e PSL

Weslley Galzo
Gustavo Queiroz
Daniel Reis
Lauriberto Pompeu 


 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou ontem, por unanimidade, o estatuto e o programa do União Brasil, ou seja, o processo legal que sela a fusão entre DEM e PSL. Com isso, o União Brasil se tornará, num primeiro momento, o maior partido da Câmara. Durante a sessão, o ministro-relator Edson Fachin declarou que, com base no exame dos documentos apresentados pelas legendas, verificou-se "o cumprimento de todos os requisitos necessários para a fusão de partidos políticos".

Fachin relembrou que, conforme dita a legislação eleitoral, devem ser somados os votos obtidos por DEM e PSL na última eleição nacional para que sejam repartidos na nova legenda os recursos do Fundo Partidário e do tempo gratuito de propaganda eleitoral em rádio e TV de que dispõem.

O União Brasil nasce com 81 deputados em exercício, oito senadores e três governadores. Na eleição de 2018, as siglas elegeram 129 deputados estaduais e, em 2020, ocuparam o topo do Executivo de 552 prefeituras, cerca de 10% dos municípios do Brasil. O partido contará também com quase R$ 1 bilhão em fundos públicos, resultado da soma das verbas destinadas a cada um no ano eleitoral.

O tamanho do União Brasil, porém, facilita um racha entre seus integrantes acerca das disputas eleitorais deste ano. O "cabo de guerra" de líderes vai decidir quem a sigla apoiará no cenário nacional e como se darão as articulações regionais.

Debandada. Juntos, o DEM e o PSL superam a bancada do PT na Câmara dos Deputados, segundo colocado com 53 parlamentares, mas o PSL deve perder seus quadros mais ligados ao bolsonarismo. Após romper com o partido em 2019, o presidente Jair Bolsonaro pode levar cerca de 25 congressistas para o PL, sua nova legenda.

Integrantes do novo partido avaliam que o troca-troca partidário pode ser ainda maior, já que o apoio a Bolsonaro não se concentra apenas no PSL. Conforme mostrou o Estadão,a maioria dos parlamentares do União Brasil não descarta um alinhamento eleitoral com Bolsonaro em 2022. Levantamento feito em novembro com os parlamentares da nova sigla mostrou que 56 deles defendem o apoio ou admitem que podem apoiar a reeleição. Apenas cinco disseram não considerar essa possibilidade.

Com a aproximação das convenções partidárias, que vão definir as candidaturas das legendas, outras alas do futuro União Brasil dialogam ainda com o Podemos, do ex-juiz Sérgio Moro, e o PSDB, do governador de São Paulo, João Doria. / Weslley Galzo, Gustavo Queiroz, Daniel Reis e L.P