Título: A um passo da auto-suficiência
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 02/04/2005, Economia & Negócios, p. A23

Animada com recorde de março, Petrobras volta a acreditar que meta deve ser alcançada em dezembro

O recorde da produção de petróleo alcançado pela Petrobras na última quarta-feira, quando atingiu o pico de 1,650 milhão barris, já leva alguns executivos da empresa a voltarem a acreditar na viabilidade de antecipação da meta de auto-suficiência - originalmente prevista para o início de 2006 - para dezembro deste ano. O resultado, segundo o gerente executivo da Área de Exploração e Produção da empresa, Francisco Nepomuceno, mais do que compensou a queda da produção de cerca de 4% no ano passado, a primeira em dez anos de atividade da empresa. A confiança dos executivos na auto-suficiência é tanta, que a Petrobras já começa a preparar o terreno para atingir uma nova meta: a de redução a quase zero das importações de óleo leve, que hoje chegam a 350 mil barris. Em abril, revelou o executivo, a diretoria abre propostas das empresas que disputam o direito de fornecer o sistema flutuante que será afretado para o campo de Golfinho 2, que começará a produzir óleo leve na Bacia do Espírito Santo. Juntamente com os campos de Golfinho 1 e Piranema, na Bacia de Sergipe-Alagoas, deverá produzir 150 mil barris por dia de petróleo leve.

No início deste ano, a Petrobras definiu as estrangeiras SBM e Sevan Marine como fornecedoras dos sistemas antecipados de produção que operarão, a partir de 2006, respectivamente em Golfinho 1 e Piranema. A unidade da Sevan Marine, uma plataforma de casco flutuante, antecipará a produção da unidade similar que vem sendo desenvolvida pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) para o mesmo campo. Já o equipamento afretado junto à SBP consiste em uma unidade flutuante do tipo FPSO, convertida a partir de um casco de petroleiro.

Embora a Petrobras vá alcançar a auto-suficiência, o país continuará a importar petróleo, em função das características do óleo produzido majoritariamente no Brasil. Como as refinarias do país foram construídas principalmente nas décadas de 1960 e 1970, antes do boom da Bacia de Campos, essas unidades foram desenvolvidas para processar o petróleo importado do Golfo Pérsico, de tipo mais leve. Por isso, o país continua a importar o equivalente a 350 mil barris por dia de petróleo de países como Nigéria e Arábia Saudita.

Com relação ao recorde de março, o resultado foi alcançado, segundo Nepomuceno, principalmente com a produção de 142 mil barris por dia das plataformas P-43 e P-48. A expectativa da empresa, segundo o executivo, é de que essas unidades consigam produzir, juntas, 300 mil barris por dia ainda no primeiro semestre. A auto-suficiência deverá ser alcançada, porém, quando entrarem em operação a P-50, em setembro, e a P-34, em dezembro, na Bacia de Campos.