Título: Roriz faz roteiro para unir PMDB
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 02/04/2005, Brasília, p. D3

Governador inicia visitas por Garotinho, adversário do Planalto, mas falará também com aliados de Lula, como Requião

O governador Joaquim Roriz passará a nova etapa da marcha que iniciou esta semana ao visitar os senadores peemedebistas Renan Calheiros, presidente da Casa, e José Sarney, em seus gabinetes no Congresso. Em nome da conciliação dentro de seu partido, o PMDB, Roriz marcou um encontro com deputados federais da sigla - dentre eles o presidente nacional do PMDB, Michel Temer - na residência oficial de Águas Claras para os próximos dias. O governador deverá expor aos convidados a cruzada que fará pelo País para conversar com governadores e lideranças nacionais do partido. O primeiro a receber Roriz deverá ser o ex-governador do Rio de Janeiro e presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, duro crítico do governo federal. Também figuram na lista de encontros Orestes Quércia, presidente do partido em São Paulo, e o governador do Paraná, Roberto Requião.

Ao deixar o gabinete de Sarney, na última quarta-feira, Roriz ressaltou que tomou para si a ''missão'' de reagrupar seus correligionários, ainda que não se defina a princípio qual linha tomar, de apoio ou oposição a Lula.

- Desunido, o partido, que é o maior do País, fique pequeno. Quero ajudar dentro das minhas limitações, estou disposto a lutar por isso - disse.

As divergências ideológicas dentro do PMDB já haviam tomado conta dos debates. Temer comentou durante um encontro com o presidente Lula, na semana passada, sobre a necessidade de definir os rumos da sigla, que pretende sair em 2006 com candidatura própria.

Também não há consenso na bancada sobre quem deve ser o novo líder na Câmara dos Deputados. Diante de uma disputa polarizada entre os deputados federais José Borba (PR), um dos que defendem a participação no governo, e Saraiva Felipe (MG), da ala da oposição, Roriz propôs aos caciques da legenda a indicação de seu aliado, o deputado federal Tadeu Filippelli, ao cargo - ''é um homem moderado e com acesso a todas as alas''. Filippelli assume o interesse pela indicação e diz estar preparado, ressaltando que foi, proporcionalmente, o mais bem votado deputado federal do PMDB no País e o terceiro com mais votos na Câmara.

- Mas a missão mais importante agora do que uma eventual indicação do meu nome é a força que o governador está dando para a união do partido - afirmou o secretário da Agência de Infra-Estrutura e Desenvolvimento Urbano.

Governador do DF por quatro vezes e com influência não apenas na bancada da capital, mas também nas de Goiás e de Tocantins, o esforço pela união do partido ajudaria a projetar nacionalmente o nome de Roriz, além de inflar seus aliados no processo - já deflagrado - de sucessão ao Buriti em 2006. No intuito de frear a disputa, o governador tem frisado que pode permanecer no governo até o final de seu mandato, evitando a desincompatibilização para se candidatar a um cargo proporcional. Esta foi a opção de Roriz em 1994, quando abraçou a campanha de Valmir Campelo, que acabou perdeu o pleito para o atual senador petista Cristovam Buarque. No entanto, a expectativa é de que Roriz saia candidato ao Senado.