Título: Matadores em sã consciência
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/04/2005, Brasília, p. D4

Laudo do IML revela que Bernardino e Adriana não têm distúrbio mental

O caseiro Bernardino do Espírito Santo e a empregada doméstica Adriana de Jesus dos Santos tinham completo entendimento dos seus atos quando, em 9 de dezembro último, assassinaram com requintes de crueldade a estudante Maria Cláudia Siqueira D'Isola dentro de sua residência no Lago Sul e ocultaram o corpo da jovem num pequeno cômodo debaixo da escada da sala de jantar. Foi o que constatou o exame de sanidade mental realizado pelo Instituto Médico Legal. O resultado do exame será passado à defesa de cada um dos réus. Em seguida, o processo segue para o Ministério Público para as alegações finais. Superadas todas essas fases, o juiz decidirá se Bernadino e Adriana serão julgados pelo júri popular.

Bernardino e Adriana eram amantes quando o crime ocorreu e trabalhavam há cerca de dois anos para a família D'Isola. No primeiro depoimento que ambos prestaram à Justiça, trocaram acusações diante do juiz, na tentativa, cada um a seu modo, de reduzir a própria responsabilidade em relação ao crime. Adriana mudou as declarações que anteriormente havia dado à polícia e tentou repassar a Bernardino toda a responsabilidade pela morte da estudante.

Logo depois de violentar e matar a estudante, Bernardino roubou cerca de R$ 7 mil, entre dólares e reais, do cofre da residência e fugiu para a Bahia, onde foi capturado pouco mais de uma semana depois pelos policiais civis do DF. Além do assassinato de Maria Cláudia, Bernardino já teria cometido um estupro da Bahia e violentado uma menina de 13 anos no Lago Sul.

No seu depoimento à Justiça, admitiu a autoria do assassinato da estudante Maria Cláudia, mas negou que tenha sido uma ação planejada. Ele afirmou que, depois de estuprar a jovem, não teve a intenção de matá-la, mas apenas de ''neutralizá-la''. Bernardino disse que aplicou um ''murro'' para derrubar a estudante. Adriana, então, teria entrado em cena. Amarrou a vítima, retirou a sua roupa e incentivou o caseiro a cometer o estupro. Segundo Bernardino, foi Adriana quem aplicou o golpe fatal na estudante, utilizando uma pá. Ainda conforme o caseiro, o saco plástico utilizado para envolver e amarrar a cabeça da jovem teria servido para evitar que o sangue se espalhasse pelo chão da sala, local do crime.

Ao contrário de Bernardino, Adriana foi fria em seu depoimento. Não chorou e com o olhar fixo no juiz negou qualquer participação no crime, mesmo tendo confessado a sua partição em três ocasiões anteriores na delegacia. Afirmou que assumira a culpa porque fora forçada pelos policiais, versão que, mais tarde, não se confirmou durante a reconstituição dos fatos.