O Globo, n. 31468, 03/10/2019. Economia, p. 17

Bolsa cai 2,9% com exterior e derrota no Senado

Gabriel Martins
João Sorima Neto


A derrota do governo na votação da reformada Previdência no Senado e a crescente preocupação comum a possível recessão global geraram uma onda de pessimismo ontem nos mercados financeiros. A Bolsa brasileira teve o segundo dia consecutivo de perdas, após ter subido 3,6% em setembro. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 2,9%, aos 101.030 pontos. O dólar comercial, que chegou a atingir R$ 4,18 na abertura da sessão, perdeu força e fechou valendo R$ 4,13, uma queda de 0,68%.

— O mercado reagiu negativamente à desidratação de última hora da reforma da Previdência e ao conturbado cenário externo. E houve a sinalização de que a articulação política do governo ainda tem problemas — disse Rafael Cardoso, economista-chefe da Daycoval.

Ele lembrou que, no cenário externo, pesou o dado indicando que a atividade na indústria americana caiu no mês passado ao menor nível em dez anos, reacendendo o temor de uma recessão global. Com isso, em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 1,9%, e o S&P 500 perdeu 1,8%.

No cenário doméstico, teve impacto negativo nos mercados a derrubada, no Senado, da emenda ao texto da reforma da Previdência que mudava o pagamento de abono salarial. Isso reduziu a economia esperada com a reforma em R$ 76,4 bilhões.

Na B3, as ações dos bancos, que têm maior peso no Ibovespa, fecharam em queda. Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) do Bradesco caíram 3,55%, enquanto os PN do Itaú Unibanco perderam 2,74%.

No câmbio, a expectativa de uma nova queda de juros nos EUA, depois de indicadores de trabalho mais fracos do que o esperado, fez com que o dólar perdesse força, fechando em queda.