Título: Prática se repete na Câmara
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/04/2005, País, p. A4
Na Câmara, a prática do nepotismo tem tirado o sono do presidente da Casa, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE). Durante a semana, os procuradores do Ministério Público do DF, José Alfredo de Paula Silva e Luciano Sampaio Gomes Rolim, pediram ao Tribunal de Contas da União que investigasse a contratação de parentes de Severino sem concurso público.
No documento, os procuradores fizeram referências a reportagens publicadas recentemente sobre o tema. E lembraram que Severino Cavalcanti reconheceu em entrevistas a contratação dos respectivos parentes para cargos comissionados, justificando que eles têm diploma de curso superior. Dessa forma, estaria ''prestando um serviço à nação''.
Hoje, seis parentes de Severino Cavalcanti estão empregados em cargos comissionados na Câmara. Sua filha Catarina Amélia e sua neta Rafaella Cavalcanti, por exemplo, trabalham no gabinete de Severino. A irmã Marlene Cavalcanti, a nora Olga Maria Cavalcanti e outros dois parentes, Helena Cavalcanti Ferreira e Rafaello Oliveira Cavalcanti Ferreira também são ocupam cargos comissionados.
De acordo com levantamento do jornal Folha de S.Paulo, publicado na última semana, pelo menos 96 mulheres e maridos dos atuais deputados federais também foram contratados sem concurso público para a Câmara nos últimos anos, a maioria para cargos com salário entre R$ 3.622 e R$ 5.175. Isso representaria 25% dos 391 deputados que se declararam casados no início da atual legislatura.
No rastro da polêmica, foi discutida a possibilidade de ser examinado no plenário da Casa durante a semana um projeto de lei que proibiria o nepotismo na administração pública. A proposta é de autoria do deputado Roberto Freire (PPS-PE). Mas em reunião de líderes na quinta-feira, o projeto foi jogado para o final da fila. Os parlamentares, em reunião com o presidente da Câmara, anunciaram como prioridades o projeto que aumenta o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal de R$ 19 mil para R$ 21,5 mil e a eleição do deputado que ocupará uma vaga de ministro no Tribunal de Contas da União. A pauta ainda está obstruída por oito medidas provisórias.