Título: Crime repercutiu no exterior
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 03/04/2005, País, p. A5

Na manhã do dia 12 de fevereiro, a missionária americana Dorothy Stang, de 74 anos, foi assassinada com seis tiros em Anapu, no Pará. Há mais de 20 anos, ela trabalhava no estado defendendo causas ambientais e dos trabalhadores rurais sem-terra e afirmava que a violência fundiária, os crimes ambientais e a grilagem de terras na região estavam fora de controle. O crime repercutiu no exterior e três agentes do FBI foram enviados para a região.

No dia seguinte ao crime, a Polícia Federal e a Polícia Civil do estado já tinham o nome dos quatro suspeitos do assassinato e o governo federal começou a atuar no caso. Cinco dias depois, o Exército começou a enviar 2 mil militares para a região.

Uma semana depois do crime, o agricultor Amair Feijoli da Cunha, de 37 anos, conhecido como Tato, acusado de ter intermediado o crime se entregou à polícia paraense. Nos dois dias subseqüentes, os acusados de serem os autores dos disparos, Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, conhecido como Eduardo, foram presos na região de Altamira, cidade vizinha Anapu.

Eles assumiram o crime e afirmaram que a morte teria sido encomendada por R$ 50 mil pelo pecuarista Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida.

Depois de 42 dias de busca, o fazendeiro se entregou domingo passado à Polícia Federal em Altamira, mas negou a participação no crime.

Apesar das prisões, ambientalistas da região afirmam que ainda pode haver outros envolvidos no crime, que aconteceu uma semana depois de Dorothy ter uma reunião com o secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, e denunciar que quatro pessoas da região estavam recebendo ameaças de morte de fazendeiros e posseiros. Ao longo dos últimos meses ela avisou diversas vezes que vinha sendo ameaçada de morte.