Título: A força do interior no comércio internacional
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Jornal do Brasil, 03/04/2005, Economia & Negócios, p. A19

Entre as 27 capitais do Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Curitiba figuram entre os maiores exportadores. O ranking dos municípios que vendem ao exterior, recém concluído pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, expõe os tradicionais núcleos difusores de produtos brasileiros no mercado internacional, mas apresenta, de forma inédita, as operações no mercado externo de localidades dos rincões mais distantes que abrigam empresas que exportam milhões. Esse é o caso da desconhecida Antonina, pequena cidade do Paraná cujas vendas feitas no exterior saltaram de US$ 30 mil em 2003 para US$ 107 milhões, um crescimento de 352.000%.

Os cinco maiores municípios exportadores são São Paulo (US$ 5,9 bilhões), São José dos Campos (SP) (US$ 4,7 bilhões), Rio de Janeiro (US$ 4,2 bilhões), São Bernardo do Campo (SP) (US$ 2,8 bilhões) e Paranaguá (PR) (US$ 2,6 bilhões). Os demais que completam a lista dos dez maiores são Santos (SP) (US$ 1,7 bilhão), Vitória (ES) (US$ 1,6 bilhão), Camaçari (BA) (US$ 1,6 bilhão), Itajaí (SC) (US$ 1,4 bilhão) e Curitiba (PR) (US$ 1,3 bilhão).

Na maior parte desses casos, as exportações caracterizam-se por produtos manufaturados e semimanufaturados como automóveis, aviões, auto-peças, material de transporte, petróleo, produtos siderúrgicos e calçados. Em cidades como Paranaguá, Itajaí e Vitória percebe-se, no entanto, o peso dos produtos agrícolas e a representatividade dos portos que movimentam cargas do agronegócio e do setor minero-metalúrgico. Um dos destaques do ranking dos dez mais é Camaçari, município baiano que nos últimos anos se transformou em pólo químico e petroquímico.

A despeito da tradicional performance das grandes cidades industrializadas ou especializadas em agronegócio e infra-estrutura portuária, o que o mapa dos municípios reflete é o esforço de empresas de localidades distantes para abocanhar uma parte dos negócios do comércio mundial. Além de Antonina, no Paraná, cidade que abriga um frigorífico da Perdigão e cujas exportações estão relacionadas a carnes e madeira, há uma lista quase infindável de outras localidades que apresentaram excepcional desempenho no ano passado.

No Maranhão, o pequeno município de Bacabeira ampliou as vendas feitas no exterior em 5.565%, com receitas que saltaram de US$ 232 mil em 2003 para US$ 13,1 milhões em 2004. No Amazonas, a desconhecida Presidente Figueiredo, onde há atividades de mineração, fez crescer suas exportações em 1.133% entre 2003 e 2004. Lá, as vendas somaram US$ 9,7 milhões.

Outro exemplo notável é a pequena cidade goiana de Catalão, que após ter os embarques ao exterior limitados, em 2003, a US$ 57 mil, deu um salto para US$ 11 milhões no ano passado como resultado de maiores exportações de fertilizantes e produtos químicos. Ainda no Centro-Oeste, a cidade rural de Mineiros, que abriga o Frigorífico Estrela do Oeste, elevou as vendas ao exterior em 6.608%, obtendo receitas de US$ 26,4 milhões.