O Estado de S. Paulo, n. 46870, 13/02/2022. Economia & Negócios, p. B1

Senado adia sabatina de diretores e Copom fica 'minguado'

Thaís Barcellos


Com o novo adiamento pelo Senado da sabatina de dois nomes indicados à diretoria do Banco Central, o mercado vê risco de um Comitê de Política Monetária (Copom) "minguado" na reunião dos dias 15 e 16 de março, sem dois dos nove membros do colegiado.

O Copom é responsável por calibrar a taxa básica de juros para o controle da inflação. A avaliação do mercado é de que a falta de dois dos participantes empobrece o debate, especialmente porque, se não houver sabatina no Senado a tempo, será a segunda reunião sem a "cabeça do Copom", a diretoria de Política Econômica. O posto é uma das cadeiras vagas e é responsável por apresentar as recomendações sobre as diretrizes de política monetária e propor a meta para a taxa Selic. Isso ocorre em meio a uma inflação elevada e que custa a ceder, mesmo com a Selic em 10,75%.

Sabatina. A análise no Senado da indicação de Diogo Guillen para a diretoria de Política

Econômica e de Renato Dias Gomes para a diretoria de Organização do Sistema Financeiro e Resolução estava marcada para a próxima terça-feira. A nova data ainda será definida.

Foi a segunda vez que a sabatina dos diretores do BC foi adiada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A Casa tem sido um entrave para projetos de interesse do governo e a postergação da análise dos indicados ao BC é mais um obstáculo.

Ao justificar a decisão de adiamento, o presidente da CAE, senador Otto Alencar (PSD-BA), citou que há receio de falta de quórum, sem liderança do governo no Senado desde dezembro. "O governo está tendo dificuldade, com perda de credibilidade", disse.