O Estado de S. Paulo, n. 46874, 17/02/2022. Internacional, p. A14

Presidente faz homenagem a soldados comunistas

Eduardo Gayer


 

Moscou

O presidente Jair Bolsonaro participou ontem de cerimônia em homenagem a soldados do Exército Vermelho mortos durante a 2.ª Guerra. Sem máscara de proteção contra a covid, ele colocou flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, erguido em nome dos militares mortos durante o confronto, entre 1939 e 1945.

O Túmulo do Soldado Desconhecido está nos Jardins de Alexandre, na face norte da sede do governo russo, a poucos passos do hotel Four Seasons, onde o presidente está hospedado em Moscou.

Nos primeiros anos do conflito, soviéticos e nazistas chegaram a ser aliados. A partir de junho de 1941, no entanto, quando Adolf Hitler decide invadir a União Soviética, Josef Stalin muda de lado. Até o fim do conflito, ele empurraria as forças nazistas de volta para a Europa Central, tomando Berlim em maio de 1945.

Cerca de 8,6 milhões de soldados soviéticos morreram, segundo o Ministério da Defesa russo. Estudos recentes da Academia de Ciências da Rússia estimam que mais de 26 milhões de soviéticos – incluindo civis – morreram na 2.ª Guerra.

Ironicamente, a homenagem ao passado soviético da Rússia acontece no momento em que Bolsonaro tenta reciclar o discurso de combate à esquerda e ao comunismo no Brasil, de olho nas eleições presidenciais.

Ontem, após duas horas de reunião com Putin no Kremlin, Bolsonaro se referiu ao russo como um "amigo" e disse que ambos compartilham de "valores comuns", como Deus e família. "Também somos solidários a todos aqueles países que querem e se empenham pela paz", afirmou. / E.G.