O Estado de S. Paulo, n. 46875, 18/02/2022. Economia & Negócios, p. B7

Josué diz que não tomará partido na eleição, mas critica Bolsonaro
Francisco Carlos de Assis


 

O novo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, disse que a entidade se manterá apartidária em relação às eleições. Segundo ele, até pelo papel que desempenha, a instituição tem de conversar com todos os governantes, mas não tomará "posições que são mais típicas de partidos políticos".

Apesar dessa posição, ele fez críticas duras ao governo Jair Bolsonaro, em café da manhã com jornalistas. Disse que os livros de história contarão que o governo Bolsonaro foi o que mais atacou as instituições. "Atacou o Congresso, o Judiciário e até vocês, a imprensa", disse. Mas afirmou também torcer para que, caso reeleito, o atual presidente passe a agir de forma diferente.

"Independentemente de quem ganhar a eleição, o Brasil não vai acabar", disse o executivo. Para ele, é preciso parar de se perguntar no Brasil sobre quem vai ganhar a eleição, porque esta é uma resposta que tem de ser dada pela soberania popular. "A Fiesp vai ajudar qualquer que seja o governo", completou.

O empresário também vê uma relação entre o baixo crescimento da economia brasileira e a perda de dinamismo da indústria, especialmente a da transformação, nas últimas quatro décadas.

"Nas últimas quatro décadas, a indústria perdeu três", afirmou ele, para quem o setor, que emprega mão de obra de qualidade e com uma média de salários superior à de outros segmentos, tem por obrigação ajudar a reverter a crise social no País.

"Meu escritório é aqui perto (da Fiesp). Deixo meu carro lá e venho a pé, e vejo famílias morando na rua da cidade mais rica do Estado mais rico ( do País) em plena Avenida Paulista. Não podemos achar que isso é normal", afirmou.

Josué disse também que a perda de dinamismo da indústria está estreitamente ligada à estrutura tributária do País, que viu no setor facilidade para tributar. Disse que a alíquota de imposto incidente sobre a indústria é de 27% e que a Fiesp vai trabalhar pela aprovação de uma reforma tributária.

O empresário disse ainda que o Brasil e seus governantes precisam entender que redução de impostos não quer dizer que haverá perda de arrecadação. "Reduzir impostos para a indústria não implica aumentar impostos para outros setores da economias."•