O Estado de S. Paulo, n. 46876, 19/02/2022. Política, p. A12

Moro e Simone defendem união do centro

Pedro Venceslau 


Pré-candidatos à Presidência da República, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) defenderam ontem a união de nomes do centro político, ainda no primeiro turno da disputa, em torno de uma candidatura única. Eles também concordaram com o uso de pesquisas de intenção de voto e do índice de rejeição como critérios para a definição do escolhido.

Apesar do discurso de união, o presidenciável do Podemos disse que vai "até o fim" na disputa ao Palácio do Planalto e que permanecerá no Podemos. "Vou até o fim. Alguém tem que falar a verdade em 2022", afirmou Moro a jornalistas, ao chegar para um almoço-debate com empresários organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide)

O evento teve a participação da senadora e também do cientista político Luiz Felipe d'avila, pré-candidato do Novo a presidente. "Sem dúvida é possível a união do centro até as convenções. Como avaliar? Com pesquisa, quantitativa e qualitativa. Não só a pesquisa de intenção de voto, mas também ver aquele que tem o menor índice de rejeição", disse Simone Tebet aos jornalistas na saída do evento.

Ainda de acordo com a senadora, o momento certo para escolher o candidato desse bloco é em maio. "Muitas pré-candidaturas vão se encontrar", afirmou a parlamentar. "Acredito que é possível caminhar com uma única candidatura do centro democrático ainda no primeiro turno."

Na mesma linha, Moro declarou que existe "convergência" entre os projetos do chamado centro democrático. "O ideal é que essa união aconteça o quanto antes", afirmou o exjuiz da Operação Lava Jato. "Temos que considerar vários fatores (para a escolha do nome). O mais fundamental é o pré-candidato se encontrar mais à frente nas pesquisas. Devemos nos unir em torno de um nome mais competitivo, e as pesquisas devem ser levadas em consideração."

"Pesquisa de intenção de voto ou de rejeição? Tem que ver qual o critério. Popularidade é um dos elementos para definir?", questionou d'avila.

Levantamento. Na pesquisa Ipespe divulgada na sexta-feira passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece na liderança, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). O petista registrou 43%, ante 25% do atual chefe do Executivo. O resultado é próximo ao levantamento de dezembro (44% a 24%). Moro e Ciro Gomes (PDT) apareceram em terceiro lugar, com 8%.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), veio em quarto lugar, com 3% das intenções de voto. Depois, aparecem Simone Tebet e André Janones (Avante), empatados com 1%. Rodrigo Pacheco (PSD), Alessandro Vieira (Cidadania) e Felipe d'avila (Novo) não pontuaram.

No início da semana, os presidentes do MDB, Baleia Rossi, do PSDB, Bruno Araújo, e do União Brasil, Luciano Bivar, se reuniram para retomar as tratativas sobre uma possível aliança ou formação de uma federação partidária.

Moro reclamou ainda que existem muitas especulações com seu nome. Nas últimas semanas, deputados do Podemos passaram a pressionar a legenda para desistir da candidatura do ex-juiz, sob o argumento de que ela drenaria recursos do Fundo Partidário. O União Brasil também aventa a possibilidade de lançar Moro, mas a ideia divide a sigla.