Correio Braziliense, n. 21380, 29/09/2021. Cidades, p.13 
 
Campanha tem foco na 2ª e na 3ª doses 

Samara Shwingelc 
Pedro Marra 
 
 
Depois da ampliação da vacinação contra a covid-19 aos adolescentes de 12 anos, última faixa etária autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a receber doses dos imunizantes, o Governo do Distrito Federal (GDF) se organiza para as próximas etapas, que devem focar na aplicação de segundas doses e terceiras doses, ou o reforço. Segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), o Executivo local não pensa em comprar vacinas diretamente e vai seguir dependente das entregas e das determinações do Ministério da Saúde. 

"Não. Vou seguir o PNI (Plano Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde)", disse Ibaneis, quando questionado sobre a compra de vacinas. Em agenda realizada ontem, em São Sebastião, o governador detalhou a continuidade da campanha de imunização. "Vamos seguir o mesmo esquema que foi adotado no começo da vacinação. Primeiramente, os profissionais de saúde, e, depois, a população, de acordo com a idade", adiantou. Também na agenda, Ibaneis reforçou ser contra o passaporte de vacinação. "As restrições que teremos são as do decreto, que dizem respeito a estar vacinado para entrar em shows e eventos. Mas, o passaporte para entrar em restaurantes e ambientes não pretendo implantar", reforçou. 

Em relação à continuidade da vacinação, o secretário de Vigilância em Saúde do DF e presidente do Comitê de Vacinação contra a covid-19, Divino Valero, reitera que a segunda dose e a imunização de quem ainda não se vacinou são prioridades. "O foco é convencer as pessoas a continuarem vacinando, para chegarmos a uma boa imunidade comunitária", afirma. Apesar disso, não há um planejamento concreto. "Vamos ter doses disponíveis e tentar uma busca dos não vacinados, mas não podemos obrigar ninguém", completa. 

Divino destaca que a Secretaria de Saúde (SES-DF) vai ficar atenta ao comportamento do novo coronavírus. "Acreditamos que, ano que vem, veremos uma redução gradativa no número de casos diários, mas ainda é cedo para dar certeza", defende. Apesar do otimismo, o secretário de Vigilância em Saúde do DF afirma que a pasta vai continuar com o acompanhamento de variantes e com as medidas não-farmacológicas de prevenção. "Monitoramento é uma obrigação da SES e de todo o sistema de saúde. A vacina é fundamental, mas continuar com a prevenção é imprescindível para vencer a pandemia", alerta. 

Preocupações 
Infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Dalcy Albuquerque explica que a imunidade de rebanho, que seria alcançada quando 70% da população total completasse o ciclo vacinal, não é mais válida para covid-19. "É um vírus que tem muitas mutações, e as vacinas não respondem da mesma forma a todas as variantes. É por isso que vemos, agora, a necessidade de uma dose de reforço", argumenta. 

Atualmente, podem receber a dose de reforço, no DF, idosos com 80 anos ou mais e imunossuprimidos graves com mais de 18 anos — que se encaixam no grupo de comorbidades. A aplicação da terceira dose possibilitou que a farmacêutica Natália Lopes de Freitas, 23 anos, acompanhasse o avô, Rubens Lopes Gonçalves, 80, na UBS 1 da Asa Sul para ele tomar o reforço. Emocionados, os dois comemoraram. "Perdi um primo e um sobrinho para a covid-19. Quem não quer tomar a vacina, não tem juízo", protesta Rubens. A prima de Natália e neta de Rubens, Isabela Lopes Borges, 13, estava junto e recebeu a primeira aplicação. 

O infectologista Dalcy esclarece que, quando o DF chegar a 70% da população total com o ciclo completo, pode haver redução de casos graves e da circulação do vírus, o que deve inibir o surgimento de variantes. "Isso depende muito, também, do comportamento da população. A pandemia não acabou, não temos nem perto de 70% dos 3 milhões de habitantes imunizados e precisamos seguir com os protocolos de prevenção", completa. 

A vacinação dos adolescentes com 12 anos ou mais começou com grande movimento, ontem, no DF. Hoje, a Secretaria de Saúde disponibilizou 35 locais de atendimento a esse público e 28 para maiores de 18 anos. Ontem, o servidor público José Eduardo Lins, 54, levou os filhos, Enzo, 12, e Bernardo, 13, para se vacinarem na UBS 1 da Asa Sul. O mais velho sente falta das relações diretas durante a rotina. "Acho que, de agora para frente, fico mais seguro de andar nos lugares, porque estarei mais protegido. Para isso, as pessoas precisam tomar a vacina", ressalta Bernardo. 

* Colaborou Ana Isabel Mansur 

Aquisição 

Em 23 de fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que estados e municípios podem comprar e fornecer à população vacinas contra a covid-19. A decisão foi proferida em uma ação protocolada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A medida foi autorizada em caso de descumprimento do PNI ou de insuficiência de doses. Após a decisão da Corte, em março, entrou em vigor uma lei que autoriza estados, municípios e o setor privado a adquirirem vacinas. 

Pandemia em números 

721 
casos confirmados ontem 

20 
mortes notificadas ontem 

493.698 
infecções desde o início da pandemia 

10.435 
mortos desde o início da pandemia 

472.761 
recuperados 

910,4 
média móvel de casos 

17,7 
média móvel de mortes 

2.188.597 
vacinados com primeira dose 

1.221.280 
com ciclo vacinal completo 

7.350 
doses de reforço aplicadas 

71,70% 
população total vacinada com a primeira dose 

40,01% 
população total com o ciclo completo 

84,88% 
público-alvo vacinado com D1 

47,37% 
público-alvo com ciclo completo