Título: O que eles têm em comum
Autor: Sérgio Pardellas e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 03/04/2005, País, p. A3

Comandantes do legistativo brasileiro, Severino e Renan empregam estilos diferentes para manter ambições

BRASÍLIA - Eles são os novos mandatários do legislativo brasileiro e, aparentemente, têm posições diferentes nos mais diversos assuntos ¿ desde a defesa ou o ataque às propostas do governo Lula, até as decisões com os gastos em cada uma de suas Casas. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), dois nordestinos, são os personagens desse jogo. Mas apesar da diferença de estilos, analistas políticos garantem: Severino Cavalcanti faz com estardalhaço o que Renan Calheiros faz com discrição. Um caso emblemático foi o recuo do Senado cinco dias depois de anunciar o aumento da verba indenizatória dos parlamentares nos estados de R$ 12 mil para R$ 15 mil por mês, no rastro da polêmica proposta de reajuste na Câmara. Renan tem alardeado um corte de R$ 30 milhões em custeio na Casa. Mas a medida representaria um custo extra de R$ 2,9 milhões por ano. Em nota, o diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, disse ter havido um engano porque a medida não poderia ser toma da sem respaldo da Mesa.

Na avaliação de parlamentares e analistas políticos, no entanto, as diferenças de estilo transcendem os atributos pessoais. É uma questão de pretensão política. Severino teria atingido o auge ao ser eleito à presidência da Câmara em que a natureza plebiscitária do pleito acabou jogando contra o governo. Renan, por sua vez, vislumbraria um horizonte que se descortinaria a partir de um céu de brigadeiro. Num cenário que começa a ganhar contornos cada vez mais definidos, poderá ser o grande articulador da aliança PT-PMDB pela reeleição do presidente Lula em 2006