O Globo, n. 31475, 10/10/2019. País, p. 05

Rachado, PSL tem ‘guerra de listas’ de apoio

Naira Trindade
Guilherme Caetano


Acrítica pública do presidente Jair Bolsonaro ao PSL aprofundou a divisão do partido. Após o chefe do Executivo recomendar a um apoiador “esquecer o PSL” e dizer que o presidente da sigla, Luciano Bivar, está “queimado”, deputados da legenda se movimentam para consolidar o apoio em torno de cada um dos polos e medir forças entre si.

A crise do partido foi discutida em reunião de Bolsonaro com deputados do PSL na tarde de ontem, de acordo com a colunista Bela Me gale. Foi divulgada um acarta, coma assinatura de 19 deputados, em apoio ao presidente. Eles afirmamque ainda não têm intenção de deixara sigla. Segundo a colunista, no entanto, caso a saída de Bolsonaro se consolide, eles o acompanhariam. Entre os signatários estão Carla Zambelli (SP), Bia Kicis (DF), Carlos Jordy (RJ) e Bibo Nunes (RS).

No documento, o grupo diz que está comprometido com o projeto encabeçado por Bolsonaro, mas que ainda aposta em um diálogo que reunifique o PSL.

Esses deputados cobraram a adoção de “novas práticas” da atual direção, com instauração de “mecanismos que garantam absoluta transparência na utilização de recursos públicos e democracia nas decisões”.

Já o entorno de Júnior Bozzella (PSL-SP), deputado federal que está no partido antes da chegada de Bolsonaro, coleta assinaturas em apoio a Bivar. O texto em defesa do presidente do PSL atribui a “ameaças antidemocráticas” a fragmentação do partido e faz um apelo por união “a uma só bandeira, ousada e fiel, visando mudar os rumos da história de nosso país dos mandos e desmandos que geraram um sistema corrupto e ganancioso de poder”. Nesse grupo estão o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), e a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (SP).

Gritos e confusão

Horas após a declaração de Bolsonaro, a legenda convocou, na noite da última terça-feira, uma reunião emergencial com deputados e senadores para avaliar a situação. O encontro teve dedo em riste e confusão.

O deputado Luiz Phillippe Bragança e Orleans (SP) pediu que o colega Nelson Barbudo (MS) baixasse o tom de voz, de acordo com participantes do encontro. Houve gritos para que ele também tirasse a barba e o chapéu. Nelson Barbudo revidou. O deputado Felipe Francischini (PR) também se exaltou ao bater boca com Bibo Nunes. Nessa hora, Bibo disse que seria melhor seguir “cada um para um lado, sem cinismos”.