Título: Política econômica: assunto delicado
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/04/2005, País, p. A2

Uma das críticas recorrentes à política econômica do governo é que as restrições orçamentárias estariam afetando os programas sociais, considerados muito tímidos pelas tendências de esquerda do PT. Está entre as principais preocupações da corrente majoritária do partido, no encontro deste fim de semana no Rio, realçar a necessidade da manutenção da política econômica - avaliada como fator de estabilidade política e de ''respeitabilidade'' do país no exterior - sob o argumento de que não afeta os programas sociais, mesmo com os contingenciamentos periodicamente anunciados, em vários setores.

Apesar da sustentação política interna nunca negada, a rigidez da política econômica não é defendida com entusiasmo nem mesmo no Campo Majoritário. No encontro que começa hoje, a defesa da política econômica será feita sob o argumento de que os sacrifícios impostos à população e os entraves ao desenvolvimento são situações transitórias, embora no momento necessárias.

O chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, desde o início do governo tem dado declarações enfatizando a necessidade da retomada do desenvolvimento econômico. Por iniciativa sua, no encontro que se inicia hoje, haverá uma referência à importância dos projetos de infra-estrutura, à definição de uma política industrial para o país, e à preocupação com a geração rápida de novos empregos. Além disso, a questão da autonomia do Banco Central ainda não é considerado um assunto maduro e com suficiente consenso no Campo Majoritário para merecer uma defesa explícita no encontro do Hotel Novo Mundo.

A política econômica tem sido uma das principais origens dos recentes rachas do PT. O professor Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, um dos que romperam com o partido, fez declarações recentes considerando a economia brasileira excessivamente vulnerável a eventuais turbulências externas.